Falta de magnésio – quais são as consequências no organismo?

O magnésio é um mineral indispensável do corpo humano, essencial para o seu bom funcionamento. Atua nos planos:

• muscular: contribuindo para o relaxamento dos músculos após a sua contração;
• cardiovascular: sendo o coração um músculo, o magnésio desempenha um papel determinante no seu funcionamento e na manutenção de um ritmo cardíaco regular. Participa também na coagulação do sangue;
• nervoso: encontramos o magnésio envolvido na síntese das hormonas, dos neurotransmissores e das enzimas do corpo humano, dando-lhe uma importância em inúmeras reações que envolvem os nervos e o controlo do humor, por exemplo.

A carência em magnésio está na origem de inúmeros males

O magnésio está envolvido em tantas reações fisiológicas que a respetiva falta ocasiona inúmeras disfunções que podem contribuir para patologias graves. De notar, por exemplo:

• A depressão: um grupo de investigadores (1) demonstrou que existe uma ligação entre um índice fraco de magnésio no organismo e a depressão, sobretudo nos jovens adultos. A falta de magnésio tem consequências negativas no stress e em geral.
• A hipertensão arterial: uma falta de magnésio leva a uma acumulação de cálcio nas células e pode conduzir a um estreitamento do diâmetro dos vasos sanguíneos (2) (ou vasoconstrição).
• A carência em vitamina D: um índice demasiado baixo de magnésio impede que a vitamina D desempenhe o seu papel e pode conduzir a uma aterosclerose (um endurecimento da parede das artérias).
• A diabetes de tipo 2: uma falta de magnésio impede a libertação de insulina, o que dificulta o controlo da diabetes e agrava as complicações ligadas a esta doença crónica (3-4).
• A insuficiência renal: uma carência em magnésio propicia tanto a diabetes como a hipertensão arterial, que são fatores de risco da insuficiência renal crónica (5).
• A dismenorreia, ou dores durante o período menstrual: o magnésio reduz a dor baixando o índice de prostaglandinas, que estão na origem dessa dor (6). O seu papel de relaxante muscular atua igualmente no útero, que se contrai dolorosamente em caso de dismenorreia.
• A síndrome pré-menstrual: o magnésio parece melhorar as alterações do estado de humor (7) sentidas pelas mulheres no período que antecede a menstruação. Outros sintomas, tais como a retenção de líquidos, o aumento de peso ou a sensibilidade mamária poderiam igualmente ser aliviados graças ao magnésio (8-9).

Esta lista não é exaustiva e é provável que evolua com a investigação e os ensaios clínicos.

Como limitar o défice de magnésio?

A necessidade diária média de magnésio está estimada em 420 mg para os homens e em 360 mg para as mulheres (10). Trata-se de um valor médio, pois as necessidades em magnésio de cada pessoa dependem de vários fatores: idade, estado de saúde, higiene de vida...

Vários elementos podem estar na origem de uma carência em magnésio, como o abuso do álcool, os contracetivos orais, a diabetes, certos medicamentos... Caso tenha sintomas ligados a uma carência em magnésio, a toma de um suplemento pode ser eficaz, seguindo os conselhos do médico ou do farmacêutico para optar pela forma e dosagem ideais. Salientamos que é necessário uma alimentação variada e equilibrada para suprir as necessidades de magnésio. De entre os alimentos a privilegiar: os cereais integrais e o farelo de trigo, em particular, os frutos secos (amêndoas, caju, amendoim…) a soja, as leguminosas, os espinafres… e o chocolate preto!

Références

1. Emily K. Tarleton, Benjamin Littenberg. Magnesium Intake and Depression in Adults. Journal of the American Board of Family Medicine. Vol. 28, n°2, pp 249-256. 2015.
2. Guerrero-Romero F, Rodriguez-Moran M, Hernandez-Ronquillo G, Gomez-Diaz R, Pizano-Zarate ML, Wacher NH, et al. Low Serum Magnesium Levels and Its Association with High Blood Pressure in Children. Journal of Pediatrics. Vol.168, pp 93-98. 2016.
3. Hatice Ozcaliskan Ilkay, Habibe Sahin, Fatih Tanriverdi, Gulhan Samur. Association Between Magnesium Status, Dietary Magnesium Intake, and Metabolic Control in Patients with Type 2 Diabetes Mellitus. Journal of the American College of Nutrition. Vol. 38, n°1, pp 31-39. 2019.
4. Pr F. Mnif, F.Loukil, Dr D. Bensalah, M.Chiboub, Pr M.Jammousi, Pr M.Mallek, Dr R. Marrekchi, Pr M.Abid. Impact du déficit en magnésium sur les complications chroniques du diabète type 2. Annales d’endocrinologie. Vol. 79, n°4, pp 477. 2018.
5. Ferrè S, Li X, Adams-Huet B, et al. Low serum magnesium is associated with faster decline in kidney function: the Dallas Heart Study experience. Journal of Investigative Medicine. 2019.
6. Seifert VB, Wagler P, Dartsch S, et al. Magnesium—a new therapeutic alternative in primary dysmenorrhea [translated from German]. Zentralbl Gynakol. Vol. 111, pp 755-760. 1989.
7. Facchinetti F, Borella P, Sances G, et al. Oral magnesium successfully relieves premenstrual mood changes. Obstet Gynecol. Vol. 78, pp 177-181. 1991.
8. De Souza MC, Walker AF, Robinson PA, et al. A synergistic effect of a daily supplement for 1 month of 200 mg magnesium plus 50 mg vitamin B 6 for the relief of anxiety-related premenstrual symptoms: a randomized, double-blind, crossover study. Journal of Women’s Health & Gender-Based Medicine. Vol. 9, pp 131-139. 2000.
9. Facchinetti F, Sances G, Borella P, et al. Magnesium prophylaxis of menstrual migraine: effects on intracellular magnesium. Headache. Vol. 31, pp 298-301. 1991.
10. ANSES : Actualisation des repères du PNNS : élaboration des références nutritionnelles. Rapports d’expertise collective. 2016.