Um estudo publicado a 21 de outubro de 2018 mostrou que os benefícios da toma de um suplemento de selénio e coenzima Q10 continuavam a manifestar-se 12 anos após a sua interrupção. Os indivíduos que tinham seguido este tratamento durante 4 anos apresentavam atualmente um risco de mortalidade cardiovascular 40% mais baixo do que os indivíduos do grupo de controlo inicial. Isto significa que se produziram alterações estruturais nos indivíduos que tomaram o suplemento e que essas alterações se mantêm ativas.
O estudo inicial envolveu 443 pessoas com mais de 50 anos, saudáveis, divididas em dois grupos distintos. No primeiro grupo, as pessoas tomaram diariamente 200 mg de Coenzima Q10 e 200 mcg de selénio, ao passo que os indivíduos do segundo grupo tomaram comprimidos que não continham qualquer princípio activo. Após mais de 12 anos de seguimentos, os investigadores notaram que os indivíduos do primeiro grupo apresentavam uma mortalidade cardiovascular 40% mais baixa do que os indivíduos do segundo grupo, e esses efeitos positivos tornavam-se cada vez mais significativos ao envelhecer. Os investigadores salientaram igualmente diferenças crescentes na função cardíaca graças ao ecocardiograma. "Os efeitos são incrivelmente persistentes, sobretudo nas mulheres" esclarece o doutor Mark Miller, diretor da Kaiviti Consulting LLC. "São-no ainda mais caso seja uma pessoa em risco, por exemplo com diabetes, hipertensão ou uma disfunção grave do coração. Mas o que é fantástico é que as diferenças entre os indivíduos tratados e os não tratados continuam a aprofundar-se e os benefícios aumentam com o passar do tempo."
Qual o mecanismo que pode explicar uma tal longevidade dos efeitos? É possível que o selénio e a coenzima Q10 tenham modificado de forma irreversível a forma de ler e de utilizar os genes sem os desnaturar. Estas moléculas, capazes de indicar à célula quais os genes que ela deve utilizar ou que deve deixar de lado, chamam-se fatores epigenéticos. Segundo esta teoria partilhada pelo doutor Miller, o selénio e a coenzima Q10 teriam influenciado a expressão dos genes e permitido aos indivíduos que tomaram o suplemento tomar um outro caminho, menos arriscado no plano cardiovascular e que se afasta sempre mais do caminho tomado pelos indivíduos do grupo de controlo. Suspeita-se também que tenham alterado a expressão dos genes ligados ao stress oxidativo, à inflamação e à função mitocondrial.
O selénio é um mineral indispensável ao ser humano, apesar de bastarem quantidades muito reduzidas para fazer funcionar o corpo da forma ideal. É preciso obtê-lo na alimentação pois o organismo não consegue sintetizá-lo. Este oligoelemento desempenha um papel crucial no sistema imunitário e na tiróide, mas ajuda sobretudo o organismo a produzir antioxidantes endógenos como a glutatião peroxidase, bem como diversas selenoproteínas. Estas trabalham sem descanso para proteger as células da oxidação causada pelos radicais livres.
Na Europa, contrariamente aos Estados Unidos ou ao Canadá, a terra é particularmente pobre em selénio (1-2). Ora, isto é um problema pois o teor em selénio dos cereais e dos legumes depende do teor em selénio dos solos onde são cultivados. As concentrações séricas dos europeus são, por isso, sistematicamente inferiores a 90 μg/L; contudo, os investigadores estimam que as concentrações necessárias para a produção ideal das selenoproteínas seriam de 90 a 140 μg/L (3). Razão pela qual a Finlândia instaurou em 1984 um programa de enriquecimento em selénio dos adubos, que permite triplicar os aportes alimentares no país e reduzir a incidência das doenças do coração. No Reino Unido, os aportes em selénio passaram de 60 µg/dia para 34 µg/dia em menos de 20 anos (4).
Baixas concentrações séricas de selénio estão associadas a perdas de força muscular, a um nível mais elevado de invalidez e a riscos de problemas cardiovasculares mais altos.
Contrariamente ao selénio, a co-enzima Q10 é produzida pelo organismo, mas não deixa de ser menos vital para o seu bom funcionamento. Trata-se de um antioxidante potente que é determinante para a produção de energia celular e, nomeadamente, da famosa molécula energética, o ATP. Foi estudada pelo seu papel na saúde cognitiva, na saúde cardiovascular e no envelhecimento, mas se continua a ser considerada como um complemento alimentar e não como um medicamento é por se tratar de uma molécula natural que não pode ser objeto de uma patente farmacêutica. O organismo tem capacidade de a sintetizar, mas a produção diminui continuamente depois dos 20 anos, ficando mesmo reduzida para metade aos 80 anos (5), ao nível do tecido muscular do coração.
Inúmeras pesquisas mostraram que ela podia reduzir a pressão sistólica e a pressão diastólica sem efeitos indesejáveis notáveis para doses entre 120 a 200 mg por dia. É considerada como sendo uma molécula perfeitamente segura, mesmo a muito longo prazo, em virtude da sua presença natural no organismo (6).
Um grupo de investigadores mostrou a reação sinérgica que se opera entre o selénio e a coenzima Q10 (7). Para produzir selenoproteínas funcionais, são necessárias quantidades suficientes de coenzima Q10, ao passo que para ativar as moléculas de coenzima Q10 é também preciso selénio. As pessoas que vivem na Europa e que têm mais de 50 anos de idade correm portanto riscos elevados de deficiências em selénio (o que está associado a uma mortalidade cardiovascular mais elevada (8)) e de deficiências em coenzima Q10 (devido a uma redução da produção endógena). Ficam privadas de uma sinergia potente capaz de prevenir de forma duradoura o surgimento de problemas cardiovasculares.
Para prevenir os problemas cardiovasculares, não há nada melhor do que ajudar o corpo a utilizar ao máximo as suas armas naturais. Para isso é possível seguir o mesmo regime de suplementação que os indivíduos que participaram no estudo, acrescentando algumas medidas complementares.
O estudo principal do artigo
Alehagen, Urban et al. “Still Reduced Cardiovascular Mortality 12 Years after Supplementation with Selenium and Coenzyme Q10 for Four Years: A Validation of Previous 10-Year Follow-up Results of a Prospective Randomized Double-Blind Placebo-Controlled Trial in Elderly.” Ed. Doan TM Ngo. PLoS ONE 13.4 (2018): e0193120. PMC. Web. 21 Aug. 2018.
Referências
Um excelente suplemento de coenzima Q10, o precioso composto que diminui com a idade no coração
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