Multivitaminas indispensáveis

São muitos os estudos que evidenciaram os efeitos benéficos das multivitaminas. Mais ainda, alguns investigadores acreditam que elas devem constituir a pedra angular de todo o equilíbrio nutricional. Apesar de todos os esforços que possamos fazer, a nossa alimentação não consegue fornecer-nos todos os nutrientes indispensáveis para manter a nossa saúde e o nosso bem-estar. Só a toma de uma multivitamina pode ajudar a compensar as deficiências da nossa alimentação.

Aqueles de entre nós que estão informados e têm os meios necessários para tal fazem todos os esforços por ter uma alimentação variada e equilibrada e um estilo de vida saudável. Infelizmente, apesar dos nossos esforços, anos e anos de esgotamento dos nutrientes existentes nos solos utilizados pela agricultura, associados ao emprego de adubos e de determinadas técnicas agrícolas, contribuíram para que a nossa alimentação seja incapaz de nos fornecer os nutrientes necessários.

Os solos estão demasiado esgotados pela agricultura

Estatísticas publicadas aquando da “Cimeira da Terra” das Nações Unidas de 1992 indicam que a percentagem média de esgotamento dos solos em minerais atinge 85% na América do Norte e 72% na Europa (segundo as alterações da composição dos solos evidenciadas comparativamente aos dados compilados em 1936).
Em 2004¹, um estudo examinou as colheitas de quarenta e três terrenos de cultura de hortícolas tipo e comparou os dados recolhidos em 1950 com os recolhidos em 1999 para os mesmos trezes nutrientes. A quantidade de seis dos treze nutrientes testados tinha diminuído de forma estatisticamente significativa e os investigadores sublinharam as diferenças entre a produção e o teor em nutrientes. Mesmo as produções biológicas sem pesticidas não conseguem fornecer os nutrientes que o solo não contém.

A multivitamina, pedra angular de todo e qualquer regime nutricional

Linus Pauling (duplo prémio Nobel) quando falou no 74º congresso dos Estados Unidos, afirmou: “Podemos ligar todas as afecções e todas as doenças a uma deficiência orgânica em minerais vestigiais. Dado não existir qualquer possibilidade de a nossa alimentação recuperar o conteúdo nutricional do passado e face à deterioração da saúde no seu todo observada no mundo, a multivitamina deve conservar o seu estatuto de pedra angular de qualquer regima nutricional.“

Recomendar uma multivitamina é de facto uma medida pouco dispendiosa

Para o Dr. Jeffrey Blumberg, Director do laboratório de investigação sobre os antioxidantes, no centro de investigação Jean Mayer USDA em nutrição humana da Tufts University: “Os cuidados de saúde tornaram-se muito caros. Como fazer para baixar os custos dos cuidados de saúde? Muito bem, todos compreendemos que prevenir a doença seria menos dispendioso do que tentar tratá-la depois de esta se declarar. Penso que é fácil apercebermo-nos que a nutrição desempenha aqui um papel crucial. E a nutrição é muito mais do que calorias. Actualmente, toda a gente se preocupa com a obesidade, que aumenta com toda a certeza o risco de um grande número de doenças crónicas. A determinada altura os governos terão de reconhecer que existem opções: recomendar uma multivitamina - o que é verdadeiramente pouco dispendioso.”

Uma multivitamina : a melhor hipótese de ter uma saúde e um funcionamento metabólico ideiais

Como não existe uma solução imediata para que os nossos solos recuperem o seu antigo conteúdo em minerais, a toma de suplementos tornou-se uma necessidade no mundo actual.
O Dr. Jonathan Wright, MD, um dos maiores peritos mundiais em medicina nutricional, é muito claro a este respeito. Apresenta-nos duas estratégias para conseguir uma nutrição ideal:
1. Assegurarmo-nos que antes de nascer seleccionamos pais, avós e bisavós que tenham tido uma alimentação constituída inteiramente por alimentos completos provenientes de agricultura biológica, com 100% de proteínas provenientes de animais criados ao ar livre e de peixes selvagens, durante toda a sua vida.
Explicação: Estudos realizados demonstraram que alimentar as mães de animais com uma alimentação deficiente em nutrientes pode levar a disfunções do sistema imunitário e de outros sistemas que serão detectáveis durante as três gerações seguintes, mesmo que estas sigam uma alimentação totalmente repleta de nutrientes (mas sem tomar suplementos). Mesmo que você ou eu tenhamos uma alimentação "perfeita", se as nossas mães, as nossos avós ou as nossas bisavós tinham deficiências em nutrientes, podemos sempre ter problemas de saúde sensíveis à toma de suplementos que montam pelo menos a uma geração atrás.

2. Voltemos atrás no tempo e retornemos aos séculos em que toda a alimentação humana era biológica por natureza, proveniente de animais criados ao ar livre e selvagens, a uma época em que os alimentos estavam disponíveis em quantidades e variedades suficientes para garantir uma vida humana saudável.
Explicação: Sabemos bem que no mundo inteiro os solos utilizados há anos pela agricultura estão empobrecidos em inúmeros minerais vestigiais. É também do conhecimento geral que os adubos (nitratos, fosfatos e potássio) não contêm todos os elementos necessários para a saúde ideal das plantas. É também evidente que os herbicidas, pesticidas e outros produtos químicos agrícolas são prejudiciais para uma saúde ideal. Inúmeros alimentos são transformados e refinados, sendo-lhes retirados os nutrientes essenciais e/ou são-lhes adicionados açúcares, sal, ácidos gordos trans e outros ingredientes nefastos para a saúde. Recentemente, foram acrescentados à oferta alimentar alimentos geneticamente modificados (OGM). Observou-se já em experiências com animais que este tipo de alimentos pode causar doenças e mortes.
O Dr. Jonathan Wright concluiu que, sendo as estratégias 1 e 2 impossíveis, é evidentemente necessário tomar um suplemento que associe vitaminas e minerais para ter as melhores hipóteses de usufruir de uma saúde e um funcionamento metabólico ideiais.

As multivitaminas preservariam os telómeros

Os benefícios da toma de um suplemento com multivitaminas vão muito para além da simples compensação de défices alimentares. Na verdade, ela pode preservar a vida. O Dr. Honglei Chen, chefe do grupo de envelhecimento e neuroepidemiologia no Instituto americano das ciências ambientais, provou que a utilização de multivitaminas está associada, nas mulheres, a telómeros mais compridos. Os telómeros, na extremidade dos cromossomas, encurtam com cada divisão celular. Quando não tem mais telómero, a célula deixa de poder dividir-se. Por outras palavras, quanto mais comprido for o telómero, mas tempo vive a célula. De facto, a toma de multivitaminas poderia atrasar o processo de envelhecimento.
Este estudo ² consistiu na análise dos dados provenientes dos primeiros 586 participantes no Sister Study (estudo das irmãs), um estudo prospectivo de grupo em curso que incide sobre irmãs saudáveis de pacientes com cancro da mama. O Dr. Chen constatou que as utilizadoras de multivitaminas tinham em média telómeros 5,1% mais compridos. Isto corresponde a uma redução da perda de telómero associada à idade de cerca de 9,8 anos. São as utilizadoras de multivitaminas de longa data (mais de cinco anos) que evidenciam estes efeitos benéficos. Facto revelador: o consumo de micronutrientes nos alimentos não estava geralmente associado ao comprimento dos telómeros, excepto no tocante às vitaminas C e E.
As vantagens da toma regular e prolongada de multivitaminas relativamente a um consumo esporádico aparecem em inúmeros estudos. Em 2009, um destes estudos demonstrou que a toma regular e a longo prazo (mais de dez anos) de multivitaminas e de vitamina E estava associada a uma redução de 16 a 28% do risco de morte por doença cardiovascular. E num estudo³ de 2003 sobre a toma de multivitaminas e cancro colo-rectal, Eric J. Jacobs concluiu que a utilização de longa duração, e não uma utilização recente, de uma multivitamina tinha um efeito benéfico no risco de cancro colo-rectal.

Escolher uma multivitamina

Embora existam no mercado inúmeras fórmulas contendo múltiplos nutrientes, poucas foram objecto de uma análise escrupulosa da sua eficácia e da sua pureza. Muitas fórmulas contêm apenas as vitaminas em doses limitadas às doses diárias recomendadas definidas pelas instâncias de saúde. Se é verdade que essas doses recomendadas podem ser suficientes para prevenir doenças como o escorbuto, inúmeros estudos demonstraram que para propiciar uma saúde ideal são necessários nutrientes em quantidades superiores às doses diárias recomendadas. A investigação demonstrou igualmente que o organismo utiliza mais facilmente determinadas formas de vitaminas e de minerais que outras. Muitas combinações de vitaminas e minerais à venda no mercado utilizam as formas menos dispendiosas de vitaminas e de minerais. São difíceis de absorver e de utilizar, não fornecendo por isso senão um reforço nutricional marginal. Ao escolher um suplemento multivitamínico, é preciso seleccionar não apenas nutrientes com forte potencialidade mas também fórmulas definidas para potenciar a sua absorção e utilização ideiais pelo organismo.

Mais recentemente, um estudo ⁴ sueco mostrou que a toma de um suplemento de multivitaminas poderia, a longo prazo, traduzir-se numa redução de 40% do risco de enfarte do miocárdio. Os investigadores seguiram 34 000 mulheres com idade igual ou superior a 49 anos durante dez anos. Os autores do estudo realçaram que a importância do efeito protector dependia da duração da toma da multivitamina. As mulheres que tomaram suplemento durante pelo menos cinco anos beneficiariam de uma redução do risco na ordem dos 18%, ao passo que esta percentagem subia para 40% nas mulheres que tomaram a multivitamina durante dez anos.
As multivitaminas fazem muito mais do que apenas reforçar o nosso bem-estar físico. Um estudo aleatório em dupla ocultação e controlado por placebo, incluindo 215 homens saudáveis com idades compreendidas entre os 30 e os 55 anos, mostrou que a toma de um suplemento de multivitaminas e minerais poderia melhorar o humor e os desempenhos mentais, reduzindo o stress e a fadiga. O principal investigador deste estudo, o professor David Kennedy, comentou desta forma os resultados: “Neste caso, a ideia consistia em que os homens testados gozavam de um estado nutricional clássico. Contudo, o facto de a toma do suplemento com vitaminas B e C e minerais ter conseguido melhorar o humor, o lado da saúde mental, o vigor e os desempenhos indica que o grupo devia ter um estado micronutricional longe do ideal no início do estudo." 
Outros estudos mostram os efeitos benéficos da toma de um suplemento com multivitaminas. De entre eles, um estudo chinês demonstrou os efeitos positivos da toma de multivitaminas no peso corporal e no colesterol LDL em indivíduos obesos (Fevereiro de 2010, Wang et al.) e, em 2006, um outro estudo indicou que a toma de multivitaminas aquando da concepção reduzia o risco de pré-eclampsia (Lisa M. Bodnar et al.).

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Referências:

1. Donald R. Davis, PhD, FACN, et al., « Changes in USDA Food Composition Data for 43 garden crops, 1950 to 1999 », Journal of the American College of Nutrition, vol. 23, n° 6,669-682 (2004).
2. Dr Honglei Chen et al., AJCN. First published ahead of print March 11, 2009 as doi : 10.3945/ajcn.2008.26986. « Multivitamin use and telomere length in women ».
3. Eric J. Jacobs et al., « Multivitamin use and colorectal cancer incidence in a US cohort : does timing matter? », Am. J. Epidemiol. 2003 ; 158:621-628.
4. Rautiainen S., Akesson A. et al., « Multivitamin use and the risk of myocardial infarction : a population-based cohort of Swedish women », Am. Clin. Nutr. 2010 Sept. 22.