
É a Agência de segurança do medicamento que o diz: a finasterida, uma molécula que trava a queda do cabelo e facilita o crescimento, propiciaria as alterações de humor, a depressão e até as ideias suicidas. Num comunicado publicado a 26 de Outubro, apela mesmo à “
interrupção imediata” da toma dos medicamentos que contêm esta substância – Propecia e Chibro-Proscar – em caso de sintomas psiquiátricos suspeitos.
Não é a primeira vez que esta molécula dá que falar. Já em Maio de 2016 a revista independente Prescrire avisava que a molécula apresentava
mais riscos do que vantagens, nomeadamente com efeitos psiquiátricos, mas também disfunções sexuais como diminuição da libido e problemas de erecção e ejaculação. Então, vale a pena correr o risco?
É preciso dizer que a alopécia androgénica, que está na origem da calvície, é um
fenómeno ansiogénico muito comum: cerca de um terço dos homens são afectados a partir dos 30 anos, metade aos 50 anos e mais de 80% a partir dos 70 anos
1. São as vítimas mais precoces que sofrem mais e que, por conseguinte, são mais susceptíveis de se virar para a finasterida.
Trata-se de
um dos dois únicos tratamentos reconhecidos como sendo eficazes (embora de forma temporária) pela célebre Food and Drug Administration (FDA). Tomado na forma de comprimido, actua bloqueando temporariamente a transformação da testosterona em diidrotestosterona (DHT), uma hormona que propicia a queda do cabelo ao acumular-se próximo dos folículos pilosos que lhe são receptivos (ou seja, os do cimo do crânio). Infelizmente, é esta intervenção que parece ter repercussões no comportamento e na sexualidade.
O segundo tratamento reconhecido pela FDA, menos dispendioso, não intervém no processo de fabrico desta hormona. Trata-se de um tópico, o minoxidil, que é utilizado como spray ou mousse e se aplica diariamente nas zonas sem cabelo. Pensa-se que esta substância estimula o crescimento do cabelo originando uma dilatação dos vasos locassem>2 e propiciando um ambiente ideal susceptível de ajudar os folículos a passar da fase de queda para a fase de acrescimentos>3. Os estudos realizados indicam que aumenta tanto o número de folículos pilosos como a espessura do cabelo existente
4, e isso sem provocar problemas sexuais nem psicológicos. Na verdade, partilha o seu único inconveniente com a finasterida: o fim do tratamento provoca o desaparecimento das melhorias e poucos meses.
Disponível em farmácia, o minoxidil faz parte integrante da fórmula muito popular
Spectral DNC. Esta apresenta a vantagem adicional de conter arginina, que estimula a microcirculação, Aminexil, que mantém a elasticidade dos tecidos em torno das raízes, e péptido SP94, que ajuda a nutrir os cabelos. Atenção! Trata-se de um medicamento não aconselhado a quem tenha lesões no couro cabeludo, problemas cardíacos ou problemas dermatológicos graves.
Fontes:
1- Psychological effect, pathophysiology, and management of androgenetic alopecia in men. Stough D, Stenn K, et al. Mayo Clin Proc. 2005 Out;80(10):1316-22. Revisão. Texto integral: www.mayoclinicproceedings.com
2- Lucky AW, Piacquadio DJ, Ditre CM, Dunlap F, Kantor I, Pandya AG, et al. A randomized, placebo-controlled trial of 5% and 2% topical minoxidil solutions in the treatment of female pattern hair loss. J Am Acad Dermatol. 2004;50:541–553.
3- Schweiger ES, Boychenko O, Bernstein RM. Update on the pathogenesis, genetics and medical treatment of patterned hair loss. J Drugs Dermatol. 2010;9:1412–1419.
4- Orasan MS, Bolfa P, Coneac A, Muresan A, Mihu C. Topical Products for Human Hair Regeneration: A Comparative Study on an Animal Model. Annals of Dermatology. 2016;28(1):65-73. doi:10.5021/ad.2016.28.1.65.