Hoje em dia não existe qualquer tratamento que permita curar a doença de Alzheimer. Trata-se de uma constatação violenta e difícil de entender pelas 180.000 pessoas afectadas em Portugal, mas isso não quer dizer que não haja esperança: os investigadores testam actualmente inúmeras abordagens com o intuito de atacar o processo patológico da doença e uma destas investigações parece ter tido sucesso. Um medicamento concebido para tratar a diabetes poderia – caso os resultados se confirmem – tratar a doença de Alzheimer e inflectir as perdas de memória.
Uma epidemia de doença de Alzheimer no futuro
Contrariamente a uma crença muito comum, a doença de Alzheimer não é a consequência normal do envelhecimento. Trata-se de uma demência patológica que evolui gradualmente e que afecta – no início – a memória de curto prazo. E, segundo a Alzheimer’s Society, este flagelo poderia aumentar exponencialmente nos próximos 30 anos, ao passo que não se conseguiu descobrir qualquer nova pista séria nos últimos 15 anos. Um grupo de investigadores implementou uma nova forma de atacar o problema: verificar se os medicamentos desenvolvidos para outras patologias poderiam ser interessantes para tratar a doença.
Ao testar um medicamento concebido para tratar a diabetes de tipo 2 em ratinhos, notaram uma
melhoria das respectivas capacidades de aprendizagem e de memorização1. Melhoria essa que era acompanhada por uma redução no cérebro da quantidade de placas amilóides associadas à doença de Alzheimer, bem como por um abrandamento da perda de células nervosas. O medicamento propiciava a produção de 3 factores de crescimento ligados à glicémia (o glucagon, o GLP-1 e o GIP), o que protegeria o funcionamento das células nervosas. A pista é interessante mas será preciso antes de tudo compreender melhor a ligação que existe entre a doença de Alzheimer e a diabetes e depois reproduzir estes resultados no ser humano, antes de esperar o desenvolvimento de um eventual tratamento.
Que fazer para erradicar a doença e combater os sintomas?
Actualmente não é possível curar a doença de Alzheimer, mas é possível combater o seu avanço e erradicar o declínio que afecta a memória e as funções cognitivas! Identificamos assim 2 remédios naturais, muito documentados na literatura científica, mas infelizmente muito pouco conhecidos do grande público:
A huperzina A:
Inúmeros estudos mostraram que a toma de um
suplemento oral de huperzina A melhorava a memória e as funções cognitivas nos indivíduos com doença de Alzheimer, mas também nos indivíduos saudáveis
2-7. Duas a três semanas de tratamento bastariam para apreciar os primeiros benefícios.
Mecanismo de acção: a huperzina A consegue atravessar a barreira hemato-cefálica e aumentar os níveis de acetilcolina em diferentes locais do cérebro
8-9.
Doses aconselhadas: de 50 a 200 mcg, 2 vezes por dia, segundo a literatura científica9.
O Ginkgo Biloba
Vários estudos mostram que a toma de suplemento natural à base de folhas de ginkgo melhora os sintomas da doença de Alzheimer, nomeadamente a memória e a rapidez de processamento cognitivo10-13.
Mecanismos de acção: o interesse das folhas de ginkgo na doença de Alzheimer explica-se pelos seus efeitos positivos nas proteínas beta-amilóides que induzem a morte das células. É também muito provável que influenciem os níveis de vários neurotransmissores-chave (compostos químicos libertados pelos neurónios que actuam em outros neurónios) 14.
Doses aconselhadas: de 120 a 240 mg por dia, divididos por 2 ou 3 doses, segundo a literatura científica15.
Referências
1. Jingjing Tai, Weizhen Liu, Yanwei Li, Lin Li, Christian Hölscher. Neuroprotective effects of a triple GLP-1/GIP/glucagon receptor agonist in the APP/PS1 transgenic mouse model of Alzheimer's disease. Brain Research, 2018; 1678: 64 DOI: 10.1016/j.brainres.2017.10.012
2. Xu SS, Gao ZX, Weng Z, et al. Efficacy of tablet huperzine-A on memory, cognition, and behavior in Alzheimer's disease. Zhongguo Yao Li Xue Bao 1995; 16: 391-5.
3. Zhang RW, Tang XC, Han YY, et al. [Drug evaluation of huperzine A in the treatment of senile memory disorders]. Chung Kuo Yao Li Hsueh Pao 1991; 12: 250-2
4. Zhang SL. [Therapeutic effects of huperzine A on the aged with memory impairment]. New Drugs and Clinical Remedies 1986; 5: 260-2.
5. Xu SS, Cai ZY, Qu ZW, et al. Huperzine-A in capsules and tablets for treating patients with Alzheimer disease. Zhongguo Yao Li Xue Bao 1999; 20: 486-90.
6. Zhang, Z., Wang, X., Chen, Q., Shu, L., Wang, J., and Shan, G. [Clinical efficacy and safety of huperzine Alpha in treatment of mild to moderate Alzheimer disease, a placebo-controlled, double-blind, randomized trial]. Zhonghua Yi Xue Za Zhi 7-25-2002; 82(14): 941-944.
7. Xiong ZQ, Cheng DH, Tang XC. Effects of huperzine A on nucleus basalis magnocellularis lesion-induced spatial working memory deficit. Chung Kuo Yao Li Hsueh Pao 1998; 19: 128-32.
8. Cheng DH, Tang XC. Comparative studies of huperzine A, E2020, and tacrine on behavior and cholinesterase activities. Pharmacol Biochem Behav 1998; 60: 377-86v
9. Camps P, Cusack B, Mallender WD, et al. Huprine X is a novel high-affinity inhibitor of acetylcholinesterase that is of interest for treatment of Alzheimer's disease. Mol Pharmacol 2000; 57: 409-17.
10. Rigney U, Kimber S, Hindmarch I. The effects of acute doses of standardized Ginkgo biloba extract on memory and psychomotor performance in volunteers. Phytother Res 1999; 13: 408-15.
11. Canevelli M, Adali N, Kelaiditi E, Cantet C, Ousset PJ, Cesari M; ICTUS/DSA Group. Effects of Gingko biloba supplementation in Alzheimer's disease patients receiving cholinesterase inhibitors: data from the ICTUS study. Phytomedicine 2014; 21(6): 888-92.
12. Birks, J. and Grimley, Evans J. Ginkgo biloba for cognitive impairment and dementia. Cochrane Database Syst.Rev. 2009; (1): CD003120.
13. Zhang, S. J. and Xue, Z. Y. Effect of Western medicine therapy assisted by Ginkgo biloba tablet on vascular cognitive impairment of none dementia. Asian Pac.J Trop.Med 2012; 5(8): 661-664.
14. Bastianetto S, Ramassamy C, Dore S, et al. The ginkgo biloba extract (EGb 761) protects hippocampal neurons against cell death induced by beta-amyloid. Eur J Neurosci 2000; 12: 1882-90.
15. Le Bars PL, Katz MM, Berman N, et al. A placebo-controlled, double-blind, randomized trial of an extract of Ginkgo biloba for dementia. North American EGb Study Group. JAMA 1997; 278: 1327-32.