O efeito protector dos mirtilos contra as doenças cardiovasculares

O mirtilo, também conhecido pelo nome científico Vaccinium myrtillus L., constitui um dos frutos mais ricos em antocianos ou antocianósidos¹. Pertencentes à grande família dos polifenóis e à sub-família dos flavonóides, estes elementos conferem ao mirtilo a sua cor azul escura, mas também os seus benefícios para a saúde. Resumidas no livro Herbal Medicine: Biomolecular and Clinical Aspects, as propriedades do mirtilo são inúmeras, sendo a mais conhecida a acção positiva para melhorar a visão. Mais recentemente, um grupo de investigadores evidenciou um novo efeito benéfico do mirtilo para prevenir determinadas doenças cardiovasculares.

Mirtilos para melhorar o perfil lipídico

Apesar de o mirtilo já ter sido objecto de inúmeras investigações científicas, estudos recentes poderiam relançar as investigações sobre estas pequenas bagas. Na verdade, investigadores da Universidade eslovaca de agronomia, em Nitra, revelaram resultados inéditos sobre o efeito do consumo de mirtilos no metabolismo lipídico². Realizado em 2013, o primeiro estudo destes investigadores seguiu 18 mulheres e 7 homens, que consumiam 150 gramas de mirtilos três vezes por semana. Após 6 semanas de estudo, os investigadores revelaram resultados muito interessantes, com uma diminuição global dos índices de colesterol. Observaram em particular uma redução do índice de colesterol LDL, mais conhecido como “mau colesterol”, e do nível de triglicéridos. Esta constatação era semelhante nas mulheres e nos homens, à excepção de um ligeiro aumento do colesterol HDL, definido como “bom colesterol”, nas mulheres. Estes primeiros resultados revelam que o consumo regular de mirtilos poderia melhorar o perfil lipídico, reduzindo os índices de colesterol.

Mirtilos para prevenir as doenças cardiovasculares

Tendo em conta os seus primeiros resultados muito promissores, os investigadores eslovacos continuaram os seus trabalhos para avaliar o interesse do consumo de mirtilos na prevenção das doenças cardiovasculares³. À semelhança do primeiro estudo, os investigadores realizaram análises em 25 mulheres e 11 homens que consumiram mirtilos três vezes por semana durante seis semanas. Além de medirem os índices de colesterol, tiveram em conta parâmetros antropométricos, como o peso e o IMC, bem como a tensão arterial. Analisaram também os índices de glicose, enzimas hepáticas, creatinina, albumina e magnésio, bem como a actividade radicalar. Tal como no estudo anterior, os investigadores observaram uma diminuição dos índices de colesterol total, com uma redução no índice de colesterol LDL e no índice de triglicéridos. Contrariamente ao verificado no primeiro estudo, não observaram qualquer diferença entre os dois sexos, com um aumento do índice colesterol HDL tanto nos homens como nas mulheres. Além do perfil lipídico, os investigadores constataram uma diminuição no índice de glicose e de certas enzimas hepáticas, como a gama-glutamiltranspeptidase nas mulheres e a aspartato aminotransferase nos homens. Esta constatação é muito promissora pois um índice elevado destas enzimas é considerado como um sinal patológico. Estes resultados sugerem que um consumo de mirtilos poderia estar associado a uma diminuição dos factores de risco cardiovascular.

> Fontes:

1. Chu W, Cheung SCM, Lau RAW, Benzie IFF, « Bilberry (Vaccinium myrtillus L.) », Herbal Medicine: Biomolecular and Clinical Aspects, 2nd edition, Boca Raton (FL): CRC Press/Taylor & Francis, 2011, Chapter 4.
2. Marta Habanova, Miroslav Haban, Peter Chlebo, Marianna Schwarzova, « Changes of plasma lipids in relation to the regular consumtpion of bilberries (Vaccinium Myrtillus L.) », Potravinarstvo, February 2013, 7(1):1-6.
3. Marta Habanova, Jorge A. Saraiva, Miroslav Haban, Marianna Schwarzova, Peter Chlebo, Lenka Predna, Jan Gažo, Joanna Wykaemail, « Intake of bilberries (Vaccinium myrtillus L.) reduced cardiovascular diseases risk factors through positive influences in lipoprotein profiles », Nutrition Research, Nov 2016.