
Couve verde, couve roxa, couve branca, couve frisada, couve-flor, couve de Bruxelas… a lista das variedades de couves é longa. Contudo, os seus benefícios para a saúde são frequentemente subestimados. Na verdade, estes legumes têm uma grande abundância de vitaminas e de compostos activos benéficos para o organismo, que fazem das couves verdadeiros alimentos-saúde. Vários estudos recentes confirmam, aliás, as suas virtudes para a saúde. Façamos o ponto sobre os mais recentes trabalhos publicados sobre as couves e respectivos compostos activos.
Inúmeras variedades com propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias
Apesar de existirem milhares de couves diferentes, estas partilham vários pontos comuns e propriedades excepcionais. É isso que confirma um estudo publicado em 2014 na revista
Asian Pacific Journal of Cancer Prevention1. Graças a uma análise por espectofotómetro, os cientistas procuraram avaliar os benefícios de inúmeras variedades de couves, por ex. a couve verde, a couve roxa, a couve chinesa ou ainda a couve frisada. Durante os trabalhos, os investigadores interessaram-se particularmente pelo poder antioxidante e pela actividade anti-inflamatória dos compostos presentes nas couves. Os resultados da análise que realizaram são muito positivos e confirmam as propriedades antioxidantes e anti-inflamatórias das couves. Estas propriedades estão ligadas à sua composição em polifenóis, e mais exactamente em flavonóides, que são potentes antioxidantes naturais. A acção destes compostos é, por ex., benéfica para combater o stress oxidativo, os danos causados pelos radicais livres e o envelhecimento celular. É, aliás, uma das razões pela qual as couves suscitam o interesse dos investigadores para prevenir ou tratar determinadas patologias.
Um composto bioactivo único: o sulforafano
Consumidas há muitos milhares de anos, as couves intrigam desde sempre a comunidade científica. Inúmeros investigadores procuraram, aliás, identificar a origem das virtudes das couves. Se alguns benefícios para a saúde se devem à presença de polifenóis, outros efeitos benéficos poderiam estar ligados à actividade enzimática da mirosinase. Com efeito, esta enzima tem a capacidade de transformar os glucosinolatos presentes nas couves em isotiocianatos. Ora, determinados isotiocianatos – como o indol-3-carbinol ou o sulforafano – suscitam o interesse dos investigadores graças ao seu potencial terapêutico.
O interesse terapêutico do sulforafano
Presente em inúmeras variedades de couves, o sulforafano atraiu a atenção dos investigadores devido ao seu forte potencial antioxidante. Contrariamente a outros antioxidantes, o sulforafano não seria destruído imediatamente após a sua interacção com os radicais livres. Além de limitar os danos causados por estas espécies radicalares, o sulforafano poderia manter-se activo durante mais tempo e, assim, intervir noutras reacções do organismo. Alguns investigadores atribuem-lhe nomeadamente uma acção anti cancro, como o testemunha um estudo publicado em 2012 na revista Asian Pacific Journal of Cancer Prevention2. Durante os trabalhos que realizaram, os investigadores mediram a actividade anti-proliferante do sulforafano. Para tal, analisaram o impacto desta molécula nos mecanismos da apoptose – que permitem destruir as células cancerosas. No final da análise, os investigadores concluíram que o sulforafano possui de facto um efeito anti-proliferante, que seria particularmente interessante para combater a proliferação das células cancerosas. O que significa que as couves merecem toda a nossa atenção!
Estes estudos confirmam os inúmeros benefícios das couves. Embora sejam necessários estudos complementares para avaliar toda a abrangência das suas virtudes, as couves parecem merecer o seu estatuto de “alicamento” ou de alimento funcional. As couves poderiam com efeito ter um interesse preventivo e terapêutico contra várias doenças crónicas. Os seus efeitos benéficos estariam essencialmente ligados à sua riqueza em polifenóis e à actividade do sulforafano, um composto que encontramos em grande quantidade nos brócolos.
> Fontes:
1. Rokayya S, Li CJ, Zhao Y, Li Y, Sun CH, Cabbage (Brassica oleracea L. var. capitata) phytochemicals with antioxidant and anti-inflammatory potential, Asian Pac J Cancer Prev, Jan. 2014, 14(11):6657-62.
2. Devi JR, Thangam EB, Mechanisms of anticancer activity of sulforaphane from Brassica oleracea in HEp-2 human epithelial carcinoma cell line, Asian Pac J Cancer Prev, 2012, 13(5):2095-100.