Perda de identidade, desaparecimento das recordações, dependência, não reconhecimento dos entes queridos… Convenhamos, é difícil haver pior do que a doença de Alzheimer. Se já teve a infelicidade de lidar de perto com esta doença cruel, sabe bem até que ponto a descida aos infernos é terrível e não a deseja a ninguém.
Infelizmente, a doença continua a avançar de forma inexorável: mais de 50 milhões de pessoas serão afetadas em todo o mundo, entre elas praticamente 200 000 em Portugal e este valor deverá triplicar daqui a 30 anos. De entre estes doentes, um novo estudo revela que cerca de 60% ignora totalmente que está afetado. “Uma parte imensa da população sofre de demência sem o saber” afirma a professora Halima Amjad, uma das autoras do estudo. “Se a doença ainda não é grave e as pessoas conseguem realizar corretamente as suas tarefas diárias, os sintomas da perda cognitiva passam despercebidos.”
Este atraso no diagnóstico é, no entanto, muito nocivo; uma toma de consciência rápida permite atrasar o declínio progressivo das faculdades cognitivas e da memória ligado à destruição das células nervosas. Com efeito, sabemos que as primeiras leões associadas à doença de Alzheimer surgem no cérebro pelo menos 10 a 15 anos antes de aparecerem os primeiros sintomas: alteração da memória de curto prazo (acontecimentos das horas e dias anteriores, nome de pessoas novas encontradas, relembrar a ementa da semana, etc.) e dificuldade em reter informações novas (número de telefone novo, palavras de uma lista, etc.).
Atualmente, a medicina não permite ainda curar a doença de Alzheimer, mas várias abordagens terapêuticas combatem o processo patológico e atenuam os seus sintomas, nomeadamente no plano cognitivo. Além da prescrição de medicamentos (nomeadamente destinados a aumentar a concentração de acetilcolina em determinadas regiões do cérebro), os médicos incentivam vivamente os doentes a praticar exercício físico e a fazer exercícios de treino mental (leitura, jogos de reflexão, aprendizagem, jogos de memória) e estabelecem um plano de ação no plano nutricional. Relativamente ao último ponto, três nutrientes reúnem o consenso, tanto na prevenção como para atenuar os sintomas das primeiras fases da doença:
Para que estas medidas tenham tempo de exprimir plenamente o seu potencial e abrandar o avanço da doença, é preciso que o diagnóstico seja precoce. E todas as esperanças são permitidas dado que em julho de 2018 investigadores desvendaram uma inteligência artificial capaz de detetar os primeiros sinais da doença a partir de milhares de imagens extraídas da imagiologia médica em 3D. O algoritmo que usaram permitia detetar a doença mais de 6 anos antes do diagnóstico clínico tradicional (!). Enquanto aguardamos que esta ferramenta de ponta se democratize, será preciso continuar a apostar na prevenção, fazendo os possíveis por estar acompanhado; são muitas vezes os mais próximos que detetam as primeiras anomalias…
O estudo principal que originou o artigo:
Johns Hopkins Medicine. "Majority of older adults with probable dementia are likely unaware they have it, study suggests: Less education and unaccompanied medical visits linked to lack of formal diagnosis or awareness of diagnosis." ScienceDaily. ScienceDaily, 17 July 2018.
Referências
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