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17-10-2018

Probióticos – as descobertas mais recentes anunciam uma verdadeira revolução intestinal

Probioticos Para encontrar ecossistemas ainda inexplorados não é preciso ir estudar os fundos marinhos abissais nem o solo dos planetas telúricos. O desconhecido esconde-se no interior dos nossos intestinos: mais de 100 000 milhares de milhões de bactérias proliferam aí, com um peso total superior ao do nosso cérebro. Nenhum investigador teria imaginado – há algumas décadas – um universo de tal forma rico. Estamos ainda longe de compreender o funcionamento deste órgão “estranho”, cujos genes são 25 vezes mais numerosos que os nossos, mas descobrimos – diariamente – uma nova implicação dele na nossa saúde. Implicações surpreendentes que revolucionaram a nossa forma de compreender certas doenças que estão atualmente em franca expansão, como a asma, a depressão, a obesidade, as alergias, o autismo e as doenças auto-imunes.

Somos um ser híbrido “humano-micróbios”

Como explicar que bactérias que vivem nos intestinos possam desencadear disfunções que têm impacto em todo o corpo humano? A comunidade científica tem agora a certeza: o ser humano e o respetivo microbiota vivem em simbiose. Ao longo das gerações, evoluíram de forma estreita ao ponto de formarem atualmente um único ser híbrido humano-micróbrios, em que cada um é indispensável ao outro. O ser humano ingere uma quantidade de alimentos que não consegue digerir, mas que servem para alimentar milhares de milhões de micróbios que vivem no seu tubo digestivo. Por seu lado, estes microrganismos benéficos melhoram a esperança de vida do indivíduo aumentando o índice de absorção dos micronutrientes importantes, modulando o seu stress ou equilibrando o respetivo tecido adiposo. Ajudam o ser humano a viver mais tempo e – ao fazê-lo – garantem a sua própria sobrevivência. Quanto mais os seres humanos apresentarem um microbiota útil e eficaz, mais hipóteses têm de sobreviver – e por conseguinte, de se reproduzir – e mais probabilidades terão de transmitir os mesmos grupos de bactérias aos seus descendentes. Durante a gravidez, a flora intestinal da mamã é assim transmitida na íntegra do recém-nascido. Trata-se de uma mistura única e preciosa, que lhe garante uma saúde ideal para iniciar a sua nova vida ao ar livre.


Facteurs impactant le microbiote


Com o tempo, o ser humano delegou cada vez mais funções a este órgão fora do comum. O nosso microbiota assumiu o controlo de uma parte da maturação do nosso sistema imunitário; ensinando-o a reagir de forma adequada face a bactérias benéficas ou patogénicas, contribui para um melhor equilíbrio imunitário e para um funcionamento ideal dos nossos sistemas de defesa. Ocupa-se também de modular os níveis inflamatórios do sistema nervoso comunicando continuamente com o cérebro. Confiámos nele sem o conhecer verdadeiramente e agora já não podemos passar sem ele. Atualmente trata-se de um verdadeiro problema pois adotámos novos modos de vida que não permitem satisfazer as suas necessidades. Ao operar alterações profundas na nossa alimentação, quebrámos de certa forma o contrato que nos ligava ao nosso microbiota. Este deixou de encontrar carburante interessante nos alimentos que ingerimos, o que o leva a abandonar progressivamente os nossos intestinos. Pior do que isto, inserimos obstáculos nas suas engrenagens ingerindo alimentos improváveis cujos elementos não digeridos vão alimentar bactérias patogénicas concorrentes! Não é por isso surpresa que todo o grupo bata a asa. O microbiota sofre e o ser humano é prejudicado: torna-se mais sensível, menos estável, mais doente.

Estes 100 000 milhares de milhões de amigos íntimos que estamos a perder

A evolução da nossa alimentação fragiliza a sobrevivência dos 100 000 milhares de milhões de amigos com os quais caminhámos de mãos dadas durante milénios. Estes amigos são únicos; não existem dois microbiotas idênticos em todo o mundo. Quando nascemos, apresentamos todos uma combinação que depende dos nossos genes e das estirpes que a nossa mãe nos transmitiu, mas esta muda com o tempo, em função de fatores ambientais tais como o nosso nível de actividade física ou a nossa alimentação. Por outras palavras, a composição do nosso microbiota nunca está adquirida; é preciso mantê-la pois ela pode degradar-se a qualquer momento. Quando ela se degrada, constata-se uma queda da diversidade dos micróbios benéficos, mas também a presença de bactérias que não encontramos num microbiota saudável. Graça à sequenciação de ADN, os investigadores identificaram este tipo de bactérias nas vias digestivas das pessoas com diabetes, obesidade ou cirrose. A maioria delas desempenharia muito provavelmente um papel no aumento de peso e nos processos de inflamação encontrados em inúmeras doenças.

“As doenças auto-imunes e as alergias estão ligadas às desregulações intestinais”, autor de Ecossistema intestinal e saúde ideal. Georges Mouton

Que se passaria se os microrganismos benéficos deixassem definitivamente os nossos intestinos? Os investigadores mostraram recentemente que – sem estes amigos – um mamífero não iria muito longe. Experiências realizadas com roedores criados “numa bolha” e que nunca tiveram contacto com o mínimo micróbio (ou seja, sem microbiota) evidenciaram bem esta afirmação. Para estes roedores nada é fácil; a ausência de bactérias torna-os muito vulneráveis aos germes patogénicos e rapidamente são minados pelas doenças, pelas alergias e pelo stress. Tal como os seres humanos, os roedores evoluíram em simbiose com um grupo de bactérias benéficas que respondem às suas necessidades e se adaptam à sua alimentação específica. Estas experiências são por isso facilmente transponíveis para o ser humano. Sem microbiota intestinal, não poderíamos esperar viver saudáveis e – muito provavelmente – não poderíamos esperar viver, muito simplesmente. Felizmente, não estamos nessa situação. Por agora, o nosso microbiota continua vivo, mas a respetiva composição muda e a qualidade das estirpes que o constituem degrada-se a um ritmo cada vez mais acentuado. As consequências já são percetíveis e tudo indica que isto não passa do começo:


  • O número e a diversidade das doenças auto-imunes (diabetes de tipo 1, esclerose múltipla, poliartrite reumatóide, lúpus, síndrome de Reynaud…) está a aumentar exponencialmente. Estas patologias mal conhecidas resultam de uma disfunção do sistema imunitário, fazendo com que este ataque os constituintes normais do organismo. O seu número não parou de aumentar desde os anos 70; atualmente são conhecidas perto de 80.
  • A inflamação crónica, quase sistemática em caso de doença auto-imune, generaliza-se a alta velocidade. Muitas vezes assintomática no início, tende a tornar-se crónica quando os sintomas se manifestam. Lentamente mas de forma segura, propicia alterações locais da organização celular e tecidular e leva ao surgimento de patologias muito diversas (cardiovasculares, neurodegenerativas, auto-imunes…).
  • A prevalência das alergias aumentou consideravelmente durante os últimos 30 anos. As alergias correspondem a uma desregulação do sistema imunitário associada a uma perda da tolerância face a substâncias que a priori são inofensivas: os alergénios. As alergias podem ter manifestações cutâneas (urticária, dermatite), respiratórias (rinite, asma) ou generalizadas (anafilaxia); estima-se atualmente que 30% da população é afetada por uma doença alérgica. Uma coisa nunca antes vista.
  • As doenças que afetam o sistema cognitivo como a depressão, a esquizofrenia ou as doenças degenerativas estão também em plena expansão e têm uma ligação direta com o microbiota.

A degradação do nosso microbiota manifesta-se pela substituição de certas estirpes benéficas por patogenes, mas também pela redução espetacular da diversidade dos microrganismos. Há apenas alguns anos, pensava-se que era preciso evitar ao máximo que os bebés estivessem em contacto com os micróbios. Foi uma época, ainda não totalmente terminada, que viu subir em flecha o número de cesarianas, de tratamentos antibióticos intensivos e de medidas de higiene drásticas. Hoje sabemos que se tratou de um erro dramático; os microbiotas dos lactentes tardaram em se diversificar e atualmente, os adultos têm um sistema imunitário deficitário que propicia o desenvolvimento de inúmeras patologias. Os investigadores mostraram cientificamente que os mamíferos criados num meio estéril desenvolviam alergias mais graves do que os seus homólogos criados normalmente, o que coincide com uma antiga observação segundo a qual as crianças que vivem em quintas (e que são hoje em dia cada vez menos) contraem muito menos alergias do que as crianças que vivem nas cidades.


Flora intestinal


Como explicar este paradoxo? É durante os primeiros anos de vida que os micróbios ensinam a imunidade a controlar-se. Ensinam-lhe muito finamente como reconhecer os intrusos, como reagir de forma adequada, como tolerar uma parte deles e combater os outros. Por seu lado, o sistema imunitário aprende também a graduar as suas reações, a mostrar-se menos impulsivo ou menos franco quando a situação o exige. É um verdadeiro treino no fim do qual o organismo saberá equilibrar da melhor forma as suas respostas imunitárias. Quanto mais numerosas e diversificadas são as bactérias, mais elevado é o nível do treino. Nas nossas sociedades modernas, este nível é cada vez mais baixo, e os sistemas imunitários não atingem nunca um grau suficiente de maturidade.

Quando alimentamos mal as nossas bactérias

Os detentores de animais de companhia preocupam-se cada vez mais com a composição dos croquetes que dão aos seus fiéis cúmplices. Estarão verdadeiramente adaptados às suas necessidades? Qual é a percentagem de cereais na composição total? A quantidade de micronutrientes corresponde àquilo que comeriam na natureza? Tais questões são legítimas, sobretudo quando descobrimos os derivados da indústria agroalimentar destinada aos humanos, mas fazem-nos sorrir – na maior parte das vezes estas pessoas não se preocupam nada com a alimentação ideal dos organismos que são ainda mais próximos delas dado que vivem nos seus próprios intestinos.

Contudo, tal como os nossos companheiros de patas, os micróbios simbióticos têm preferências alimentares. A grande maioria regala-se com fibras alimentares, as longas cadeiras polissacarídicas que encontramos em abundância nas frutas, nos legumes e nos cereais integrais. Esta espécie dispõe das suas próprias enzimas para degradar, fermentar e utilizar a energia contida nestas fibras indigestíveis para o organismo humano. Se tiver um bom microbiota, estas fibras são reduzidas em pedaços cada vez mais pequenos, do intestino delgado até ao cólon, antes de desaparecer completamente no fim da cadeia. Se as suprimir da sua alimentação estas bactérias deixarão progressivamente o seu ambiente intestinal, para sua grande perturbação. Se as incluir abundantemente nas suas refeições (mas de forma muito progressiva) irá – pelo contrário – aumentar a diversidade destas bactérias benéficas.


Microbiota e fibras


Infelizmente, as sociedades modernas conduzem cada vez à supressão das fibras na alimentação humana e não ao inverso. O desmoronamento das tradições culinárias, a industrialização da alimentação, o refinamento dos cereais, o abandono dos produtos frescos; tudo contribui para uma rarefação das fibras e para uma ameaça grave para o microbiota. E ainda acrescentamos uma camada, propiciando outros microrganismos concorrentes que são eles próprios patogénicos.

As nossas novas más companhias – as bactérias e fungos patogénicos

A exposição frequente do nosso organismo a antibióticos, quer devido a tratamentos medicamentosos regulares, quer indiretamente através do consumo de animais de criação, perturba gravemente o microbiota. Por definição, estes medicamentos impedem o funcionamento das bactérias; a médio prazo, conduzem de forma duradoura, ou mesmo definitiva, à erradicação das bactérias que povoam o nosso tubo digestivo. Obviamente, no final de um tratamento, as bactérias voltam a povoar os territórios abandonados, mas nem todas as bactérias benéficas encontram novamente o seu lugar…

Outros fatores ambientais propiciam patogenes concorrentes. Excetuando os atletas e os idosos, a maioria dos ocidentais consome demasiadas proteínas (na Europa, cerca de 1,7 vezes mais do que o recomendado), como consequência de um acesso ilimitado aos produtos de origem animal. Ora, uma parte destas bactérias em excesso não são digeridas nem assimiladas pelo organismo; estão portanto ainda intactas quando chegam ao cólon e ao contacto com o microbiota. Uma parte das bactérias intestinais consegue degradá-las mas este consumo conduz à produção de dois produtos tóxicos para as células da mucosa intestinal: o sulfureto de hidrogénio e o p-cresol. Os dois compostos podem passar para a circulação sanguínea e propiciar a inflamação em vários órgãos, como os rins ou o fígado. Ao consumir proteínas em excesso, favorecemos as bactérias que as apreciam e apunhalamos pelas costas os nossos aliados de sempre – as bactérias benéficas. Produz-se também o mesmo fenómeno quando consumimos quantidades de açúcares refinados totalmente desadequadas, ou seja, praticamente todos os dias. Esta alteração é dramática dado que as mamãs transmitem depois o seu microbiota aos filhos; a qualidade do microbiota degrada-se, por conseguinte, de geração para geração (20).

Como cortar definitivamente com estas companhias pouco recomendáveis que contribuem para a inflamação crónica e o desenvolvimento de doenças? Como acontece frequentemente na alimentação, não é fácil; instalam-se sorrateiramente ciclos viciosos, sem qualquer aviso. Assim, um grupo de investigadores descobriu que o nosso olfato seria influenciado pela natureza destes microrganismos que povoam o nosso tubo digestivo! Por outras palavras, as nossas preferências alimentares ou os nossos apetites culinários poderiam ser em parte ditados pelos milhares de milhões de bactérias que se alimentam dos restos da refeição. Se tiver uma flora intestinal de má qualidade, que se adaptou a uma alimentação demasiado rica em proteínas animais, por exemplo, estaria mais facilmente predisposto(a) a optar por um menu rico em carnes simplesmente porque o seu microbiota a isso o convida. Estes trabalhos fascinantes abrem novas perspetivas para compreender melhor os problemas do comportamento alimentar.

O poder fantástico das fibras

A falta de maturidade dos nossos sistemas imunitários não poderá ser revertida. Mas ainda estamos a tempo de tentar preservar ou reconstituir um microbiota que seja o mais saudável possível. Existem duas grandes soluções para o conseguir. A primeira, já a evocámos, consiste em aumentar progressivamente a quantidade de fibras alimentares (que designamos também por prebióticos), ao mesmo tempo que se reduz as fontes de proteínas animais e de açúcares refinados. Ao fazê-lo, propiciamos o desenvolvimento das bactérias saudáveis e matamos à fome as que são patogénicas. É relativamente fácil encontrar alimentos que são ricos em fibras pois encontramo-las em praticamente todas as leguminosas, bem como na quase totalidade das frutas e legumes frescos. Contudo, para quem tem dificuldades em consumir mais de dez frutas e legumes por dia (devido a constrangimentos de tempo, por exemplo), é possível recorrer a prebióticos de origem natural como os fruto-oligossacáridos, concebidos a partir de simples beterrabas e suficientemente concentrados para alimentar milhões de bactérias benéficas.

Tal estratégia permite facilitar a recolonização do intestino por bactérias benéficas e, nomeadamente, pelas que libertam ácidos gordos de cadeias curtas (butirato e propionato). Estes compostos, relativamente pouco conhecidos, têm um impacto excecional na saúde. Explicam uma grande parte das propriedades benéficas atribuídas ao microbiota. Eis uma lista dos efeitos que têm na saúde – vai compreender melhor:


  • O butirato atua na permeabilidade da mucosa intestinal. Reforça a adesão e a solidez das uniões entre as células da parede aumentando a expressão de várias proteínas estruturais. Diminui a passagem de bactérias e de certos compostos (os lipo-polissacáridos e os antigenes tóxicos que encontramos em massa na alimentação industrial) através da parede, responsáveis pela inflamação crónica.
  • O propionato e o butirato reduzem o fabrico de lípidos pelos hepatócitos do fígado e impedem as células de Kupffer de produzir citocinas pro-inflamatórias.
  • Os ácidos gordos de cadeia curta facilitam a saciedade e aumentam a sensibilidade à insulina das células (o que pode melhorar a evolução da diabetes).
  • O propionato e o butirato interferem com as células imunitárias para diminuir a intensidade e a incidência das doenças inflamatórias.

Tendo em conta estas propriedades notáveis, poderíamos questionar-nos porque não consumir diretamente ácidos gordos de cadeia curta. Na verdade, só os encontramos em pequenas quantidades em alimentos que não são forçosamente recomendáveis a longo prazo, como a manteiga ou o queijo. Mais vale portanto contar com uma flora intestinal estável, capaz de produzir estes compostos continuamente, a dois passos das zonas em que atuam.

A reter: um consumo diário de fibras, em quantidades situadas entre 60 e 80 gramas, permite em apenas alguns meses aumentar consideravelmente a diversidade do microbiota e enriquecê-lo em bactérias capazes de libertar propionato e butirato.

Os probióticos – uma medicina do futuro já disponível

A segunda solução apoia-se em trabalhos inovadores que trouxeram para a luz do dia o imenso poder terapêutico dos probióticos. Os probióticos são microrganismos, frequentemente bactérias, que provêm de certos alimentos como os iogurtes ou o kefir e que têm uma ação favorável no microbiota intestinal. Os seus efeitos são transitórios; não se implantam no verdadeiro sentido da palavra, como as bactérias comensais do microbiota humano, mas propiciam o retorno destas últimas e expulsam os intrusos.

A ideia de que as bactérias de certos alimentos contribuem para a nossa saúde não é nova! Em 1908, o sábio Ilya Metchnikov afirmava já que a espantosa longevidade dos Búlgaros se devia ao seu grande consumo de iogurtes. No início do século XX, este tipo de produtos era aliás vendido exclusivamente nas farmácias… Desde então, a investigação fez progressos consideráveis graças a milhares de estudos sobre os probióticos e o microbiota intestinal. Sabemos atualmente que o cérebro comunica permanentemente com o microbiota e que este diálogo é bilateral; o cérebro envia mensagens aos microrganismos simbióticos, mas o inverso também é verdade e estas mensagens têm um impacto em mecanismos fisiológicos e psicológicos muito variados (ansiedade, depressão, perturbações do humor, respostas emocionais…). Como é que os probióticos podem atuar para melhorar estas trocas surrealistas? Contam-se 3 mecanismos distintos:


  • Nas crianças de tenra idade, propiciam uma maturação saudável do sistema imunitário da criança, em detrimento das reacções alérgicas.
  • No adulto, propiciam a expansão de determinadas bactérias benéficas, que sintetizam butirato – um ácido gordo conhecido pelas suas propriedades excecionais.
  • Reduzem igualmente, pela via da concorrência aos recursos, as populações de certas bactérias patogénicas, nomeadamente as que são suscetíveis de estar envolvidas no desenvolvimento de patologias inflamatórias e intestinais (como a Bilophila wadsworthia).

As descobertas mais recentes mencionam implicações do microbiota na saúde verdadeiramente espantosas.

1) A neuro-inflamação

A ingestão de certos probióticos como o Lactobacillus farcimins, uma bactéria láctica, permitiria restringir a permeabilidade da barreira intestinal, reduzindo a passagem para a circulação sanguínea de compostos pró-inflamatórios. Ora, estes compostos são culpados pela indução de uma neuro-inflamação ao nível do cérebro, acentuando os efeitos negativos do stress e aumentando consideravelmente o risco de doenças neurodegenerativas. Esta neuro-inflamação estaria mesmo diretamente associada ao declínio cognitivo!

Um estudo muito recente, publicado em setembro de 2018 na revista Frontiers in Immunology, mostrou que a neuro-inflamação ligada ao envelhecimento e à alimentação provocaria a libertação de substâncias químicas conhecidas por bloquear a funções cognitiva. Ora, verifica-se que o butirato – um dos ácidos gordos de cadeia curta fabricados pelas bactérias “boas” – podia impedir a libertação destas substâncias nocivas. E uma das formas mais eficazes de usufruir dos efeitos do butirato consiste em consumir mais fibras!

O que come é importante. Sabemos que os seniores consomem 40% menos de fibras do que o recomendado. Não ingerir fibras em quantidade suficiente pode ter consequências negativas em coisas que não imagina, como a saúde do cérebro e a inflamação em geral.” Jeff Woods, professor de Kinesiologia e co-autor do estudo.

2) os problemas dermatológicos

Sabemos há alguns anos que a passagem de compostos pró-inflamatórios para a circulação sanguínea está associada à inflamação ao nível da pele, mas foi avançado um fenómeno completamente diferente para explicar as consequências desastrosas de um mau microbiota no plano dermatológico. Os probióticos e as bactérias benéficas modulam o sistema imunitário ativando vários tipos de células, como as células dendríticas, os linfócitos T e as células NK. Ora, estas células, cuja quantidade é anormalmente reduzida nos animais sem flora intestinal, contribuem para um aumento da produção de interleucina 10 (IL10) (9-10) – uma citocina com um forte poder anti-inflamatório segregada pelo organismo como reação a várias condições patológicas como o eczema ou a dermatite. Os investigadores têm dúvidas sobre a ligação entre microbiota e problemas de pele desde que notaram que os problemas do trânsito intestinal e as patologias intestinais como a doença de Crohn ou a síndrome de intestino irritável são frequentemente acompanhadas por manifestações dermatológicas.

Foi com base nestes trabalhos muito recentes que surgiram novos probióticos nos últimos meses. Entre eles, conta-se Derma Relief, uma fórmula que contém 4 estirpes de probióticos selecionadas pelo seu interesse relativamente à pele (Lactobacillus casei, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus plantarum e Bifidobacterium lactis). Estas estirpes, destinadas a colonizar o intestino, foram estudadas pelo doutor Meneghin no âmbito de uma análise de 37 ensaios clínicos relacionados com o interesse dos probióticos orais no plano dermatológico; mostraram-se eficazes tanto na prevenção como no tratamento!

A revolução intestinal está em marcha

Com a sequenciação recente do genoma humano e a identificação dos genes de predisposição, demos já um grande passo no sentido da medicina do futuro. Resta apenas compreender na íntegra este universo fascinante que é o microbiota e produzir bactérias humanas por medida para prevenir e tratar todas as patologias citadas neste artigo. O desafio será depois industrializar a sua produção e transformá-las em pó, pois estas bactérias são muito sensíveis à oxidação. Uma primeira etapa foi já ultrapassada pela A-Mansia, uma spin-off biotecnológica fundada por duas universidades, com o desenvolvimento de um complemento alimentar à base de Akkermansia, uma das inúmeras espécies de bactérias que compõem o nosso microbiota intestinal. Enquanto se espera pelo resultado dos primeiros ensaios clínicos, será sempre preciso contar com os probióticos de origem alimentar (existe uma lista no final deste artigo) cujos efeitos benéficos são cada vez mais numerosos. Representam as premissas de uma medicina que tem finalmente em conta o facto de o ser humano e o seu microbiota serem uma simbiose essencial para a manutenção da saúde e do bem-estar. Está a nascer uma verdadeira revolução…


Quem deve reler o artigo uma segunda vez:


  • as pessoas que não consomem frutas e legumes em quantidade suficiente;
  • as pessoas que comem muita carne (pelo menos uma vez por dia, em média);
  • as pessoas que sofrem de alergias ou de patologias auto-imunes;
  • as pessoas vítimas de eczema ou de outros problemas de pele;
  • as pessoas que fumam ou que estão expostas a fumo passivo diariamente;
  • as pessoas que estão frequentemente sujeitas a stress;
  • as pessoas que têm problemas intestinais frequentes ou crónicos;
  • as pessoas que consomem regularmente produtos ultra-transformados;
  • as pessoas que têm mais de 50 anos e que temem o declínio cognitivo.

Lista dos probióticos


Para os problemas intestinais: Lactobacillus gasseri

Para os problemas inflamatórios e as alergias: Probio Forte™ (Lactobacillus acidophilus, Lactobacillus casei , Lactobacillus plantarum, Lactobacillus lactis)

Para os problemas dermatológicos: Derma Relief (Lactobacillus casei, Lactobacillus rhamnosus, Lactobacillus plantarum, Bifidobacterium lactis)


Os pontos do artigo a reter:


  • Os microrganismos que compõem a flora intestinal têm papéis muito mais importantes para a saúde do que pensamos.
  • A diversidade destes micróbios está em queda livre devido a uma degradação incrível da alimentação.
  • A junção de fibras alimentares aos menus e o recurso aos probióticos são duas estratégias que compensam para restabelecer a diversidade e a eficácia do microbiota.


Referências

Stephanie M. Matt, Jacob M. Allen, Marcus A. Lawson, Lucy J. Mailing, Jeffrey A. Woods, Rodney W. Johnson. Butyrate and Dietary Soluble Fiber Improve Neuroinflammation Associated With Aging in Mice. Frontiers in Immunology, 2018; 9 DOI: 10.3389/fimmu.2018.01832
Douglas J. Morrison & Tom Preston (2016) Formation of short chain fatty acids by the gut microbiota and their impact on human metabolism, Gut Microbes, 7:3, 189-200, DOI: 10.1080/19490976.2015.1134082
Flint HJ, Duncan SH, Scott KP, Louis P. Links between diet, gut microbiota composition and gut metabolism. Proc Nutr Soc 2015; 74:13-22; PMID:25268552; http:// dx.doi.org/10.1017/S0029665114001463
INRA Science & Impact, Microbiote, la révolution intestinale, 2017 [https://inra-dam-front-resources-cdn.brainsonic.com/ressources/afile/383885-34a7b-resource-dossier-de-presse-microbiote-la-revolution-intestinale.pdf]
Adrián D. Friedrich, Mariela L. Paz et al. Message in a Bottle: Dialog between Intestine and Skin Modulated by Probiotics, Int J Mol Sci. 2017 Jun; 18(6): 1067.
Agusti A. Garcia-Pardo MP et al. Interplay Between the Gut-Brain Axis, Obesity and Cognitive Function, Front Neurosci. 2018; 12: 155. doi: 10.3389/fnins.2018.00155
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