Um estudo publicado no British Journal of Cancer afirma que poderiam ser evitados mais de 5 milhões de cancros por ano se fossem adoptadas 13 medidas simples e eficazes. Segundo os investigadores, estas alterações deveriam ser incentivadas pelas políticas de saúde pública para reduzir drasticamente o número de diagnósticos anuais. Até porque algumas delas são desconhecidas do grande público…
O tabagismo continua detentor do triste primeiro lugar na classe dos factores de risco do cancro. Contudo, as medidas de prevenção começam a compensar dado que o número de fumadores diminui lentamente nos países ocidentais. É preciso dizer que as estatísticas são assustadoras: o risco de sofrer de um cancro é 10 a 50 vezes superior para um fumador do que para um não fumador (1). Em média, um fumador vive menos 10 anos do que um não fumador e envelhece pior; a hipertensão, as doenças cardiovasculares, as bronquites crónicas e a disfunção eréctil fazem geralmente parte do seu quotidiano.
O mecanismo: o fumo do tabaco altera progressivamente a mucosa brônquica e paralisa os cílios protectores. A longo prazo, estes cílios desaparecem e a evacuação das partículas poluentes torna-se muito difícil. A irritação crónica perturba então as células da mucosa, que se empilham em vez de se manterem numa única camada.
O excesso de peso é o segundo maior responsável pelos cancros no mundo. Os autores do estudo calculam que se trata de uma ameaça pública enorme, tendo em conta a epidemia de obesidade que afecta actualmente o mundo ocidental. Infelizmente, as pessoas não se apercebem até que ponto põem em risco a sua saúde.
O mecanismo: um excesso de tecido adiposo (nomeadamente na zona do abdómen) desregula uma quantidade incalculável de mecanismos (2) que conduzem a um estado de inflamação crónica, a uma aceleração do envelhecimento, a uma resistência à insulina, a uma maior susceptibilidade aos problemas cardiovasculares e a um maior risco de cancros. Estão em causa mais de 13 tipos de cancro, em particular os do intestino, da mama, do útero e dos rins.
Estima-se em pelo menos 130 000 o número de melanomas malignos que são diagnosticados anualmente em todo o mundo. Trata-se de tumores oncológicos que se formam ao nível dos melanócitos – as células da pele que produzem melanina. Fazem parte dos cancros que evoluem mais rapidamente e que mais facilmente geram metástases. Segundo os autores do estudo, a exposição aos raios UV do sol é a principal responsável por esta epidemia.
O mecanismo: na realidade, não é a exposição aos raios solares em si que é condenável, mas sim a forma como nos expomos. Como passamos a maior parte do nosso tempo dentro do escritório, a nossa pele não se habitua ao aumento dos raios do sol durante a Primavera. Por acção dos raios ultravioleta, os melanócitos libertam normalmente melanina, um pigmento encarregado de filtrar os raios durante a exposição ao sol seguinte. É o bem conhecido bronzeado. Infelizmente, a maioria das vezes, expomos o nosso corpo insuficientemente preparado a raios UV muito agressivos que, sem melanina, vão provocar mutações genéticas graves ao nível das células estaminais cutâneas (3). Com as exposições imprudentes, as mutações acumulam-se até ao dia em que um simples golpe de sol provoca a mutação a mais e o desenvolvimento de um melanoma.
O conselho adicional: consumir regularmente alimentos ricos em quercetina (como as uvas e os frutos vermelhos), em licopeno (tomate), em luteína (legumes de folhas verde escuro como a couve e os espinafres) e em carotenóides (como o alperce, o melão, a cenoura ou o pimento), sobretudo na Primavera e no Verão. São estes os pigmentos que vão contribuir para filtrar os raios UV do sol.
Existem também suplementos de quercetina (Super Quercetin), de luteína (Lutein 20 mg), de licopeno (Lyc-O-Mato®) e de carotenóides (Carottol) para compensar a fraca quantidade e a qualidade cada vez mais pobre dos frutos e legumes que consumimos.
Nos últimos anos, os investigadores mediram o perigo representado por esta pequena bactéria, Helicobacter pylori, que coloniza o estômago de uma em cada duas pessoas em todo o mundo. Segundo os dados mais recentes, ela provocaria a morte de mais de 600 000 todos os anos por intermédio do cancro do estômago.
O Papilloma virus, por seu lado, representa um grupo de vírus extremamente comuns no mundo que se transmitem principalmente por contacto sexual. Os mais agressivos de entre eles são os principais responsáveis pelo cancro do colo do útero, que mata anualmente mais de 270 000 mulheres.
Os mecanismos: a maioria das infecções por Papilloma virus são inofensivas e desaparecem espontaneamente em menos de 2 anos. Mas acontece que algumas estirpes agressivas conseguem integrar-se nos cromossomas da célula hospedeira e provocam uma mutação das células do colo do útero que conduz ao surgimento de um tumor.
A Helicobacter pylori segrega uma enzima capaz de cortar as ligações que ligam entre si as células da mucosa gástrica. A impermeabilidade da camada protectora do estômago deixa de estar assegurada e a bactéria pode imiscuir-se nas camadas mais profundas. É aí que liberta uma toxina, a proteína Cag A, capaz de reprogramar o funcionamento genético das células por forma a impedir que o sistema imunitário as detecte (4). Infelizmente, este passe de mágica desregula também uma grande quantidade de sinais secundários, alguns dos quais associados ao cancro (5) (6).
O conselho adicional: além dos tratamentos convencionais, a toma de um suplemento de Lactobacillus reuteri (H. Pylori Fight 100 mg), um probiótico inibidor da Helicobacter pylori, pode propiciar o reforço da barreira epitelial e contribuir para acelerar a respectiva reparação (7).
O consumo de álcool, mesmo moderado, aumentaria o risco de cancro. Como é evidente, quanto mais se bebe, mais o risco aumenta: além de 10 copos por semana, por exemplo, a esperança de vida é reduzida em média dois anos.
O mecanismo: foi compreendido muito recentemente (8). Quando bebemos álcool, o organismo produz acetaldeído, um produto químico perigoso que danifica os filamentos de ADN das células estaminais. Algumas enzimas (as aldeído desidrogenase) podem limitar os danos transformando rapidamente o acetaldeído em acetato, mas é frequente estas terem defeito ou serem em número limitado (por exemplo nas populações asiáticas). Existem igualmente mecanismos de reparação do ADN, mas os genes que se ocupam de os implementar podem ser também danificados. É o consumo de álcool a longo prazo e a acumulação dos danos ao nível do ADN que acabam por desencadear um cancro.
Não há dúvida! As pessoas que consomem grandes quantidades de fibras alimentares têm menos risco de desenvolver um cancro, nomeadamente da mama e do cólon.
O mecanismo: os alimentos ricos em fibras ajudariam a reduzir os níveis elevados de estrogénios no sangue, que estão fortemente associados ao cancro da mama. São avançados outros mecanismos para explicar o seu efeito preventivo relativamente a um dos cancros mais mortíferos – o cancro colorrectal: diminuição do tempo de trânsito dos resíduos, favorecimento de bactérias específicas que produzem butirato, uma fonte de energia para as células do cólon que ajudaria a prevenir os tumores (9) (10)…
O conselho adicional: escolha sistematicamente cereais integrais ou semi-integrais, aumente os seus aportes de frutas, legumes e leguminosas e aposte em suplementos de fibras vegetais como Psyllium Seed Husk, concebido a partir de sementes de psílio.
Os autores do estudo evocaram outras sete medidas:
Os pontos essenciais do artigo
O estudo principal do artigo
Brown et al. The fraction of cancer attributable to known risk factors in England, Wales, Scotland, Northern Ireland, and the UK overall in 2015. British Journal of Cancer, 2018 DOI: 10.1038/s41416-018-0029-6
Referências: : 1. Freedman ND, Leitzmann MF et al. Cigarette smoking and the subsequent risk of lung carcinoma in the men and women of a large prospective cohort study. Lancet Oncol. 2008 Jul; 9(7): 649–656. Lancet Oncol. Author manuscript; available in PMC 2009 Jul 1.Gratuito
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