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12-03-2018

Super inflamação crónica – uma má alimentação persegue-o para toda a vida

Junk food Já lhe aconteceu na vida atravessar uma má fase no plano alimentar? Sucumbir às dietas mais nefastas porque sentia necessidade delas num determinado momento? Porque era ignorante ou negligente? Se for esse o caso, esperemos que esse período tenha sido o mais curto possível; uma equipa de investigadores acaba de demonstrar que uma dieta alimentar “à ocidental”, ou seja, com excesso de gorduras saturadas, sal, açúcares e proteínas de origem animal, reprogramava o nosso organismo e tornava-o mais sensível aos factores pró-inflamatórios1.

Trata-se de um avanço considerável pois, actualmente, não são as infecções microbianas que matam mais, mas sim as doenças inflamatórias como a diabetes de tipo II, a obesidade e os problemas cardiovasculares2. São doenças dissimuladas cujos mecanismos são ainda largamente desconhecidos e que têm uma ligação certa com a nossa alimentação e o nosso sistema imunitário3.

Que se passa quando comemos seja o que for?

Quando consumimos em abundância pratos preparados, produtos ultra-transformado ou alimentos com muita gordura ou muito açúcar, o sistema imunitário reage da mesma forma com se fosse atacado por bactérias1. O número de certas células imunitárias aumenta drasticamente no sangue (nomeadamente os granulócitos e os monócitos) e o organismo desencadeia uma reacção inflamatória. Como explicar esta reacção imunitária que parece muito exagerada?

Para resistir aos ataques dos diferentes agentes patogénicos, temos duas grandes técnicas. A primeira é bastante primitiva, mas tem o mérito de ser excepcionalmente rápida. Algumas das nossas células ou das nossas proteínas conseguem reconhecer formas ou motivos que são naturalmente considerados como “patogénicos” pelo nosso organismo. Geralmente, são motivos que são comuns a vários tipos de agressores e que a evolução teve o cuidado de arquivar numa espécie de enciclopédia. Assim, o receptor TLR4 situado nas membranas plasmáticas de certas células imunitárias liga-se a uma molécula de superfície presente em inúmeras bactérias patogénicas, o lipopolissacárido. Quando o motivo suspeito é detectado, faz-se soar o alerta. Esse alerta desencadeia de imediato o recrutamento maciço de células encarregadas de eliminar grosseiramente os intrusos, por fagocitose ou por pulverização química.

Mas esta técnica tem os seus limites: apoia-se em mecanismos básicos e repetitivos que não se adaptam nunca ao agressor. Por vezes, a quantidade de soldados importa pouco se não dispusermos da arma adequada para matar o inimigo. Daí o interesse da segunda técnica, a imunidade adaptativa, muito mais exacta mas mais lenta de implementar. Células imunitárias particulares, os linfócitos, conseguem ligar-se a motivos únicos e específicos de um determinado agente patogénico e depois desencadear a produção de armas adaptadas: os anticorpos e os linfócitos T citotóxicos. São armas concebidas especialmente para combater um determinado agente patogénico, que podem ser reproduzidas até ao infinito e das quais se guarda um exemplar de reserva, para o caso de o mesmo agente patogénico ter o atrevimento de voltar a tentar uma ofensiva no futuro.

No caso de uma alimentação nefasta, é a primeira técnica, mais rudimentar, que entra em acção. Os investigadores mostraram que um dos mecanismos que visa reconhecer os motivos patogénicos se activava de forma anómala, como se o sistema imunitário interpretasse a dieta alimentar como uma ameaça para o organismo. Esta “má interpretação” provoca a formação de um complexo proteico designado “inflamassoma”, que vai activar uma cascata de reacções inflamatórias e, nomeadamente, a produção de citocinas pró-inflamatórias (por ex. IL-1β ee IL-18) 4.

Este estado inflamatório persiste enquanto a dieta alimentar se mantiver a mesma, e pode por isso tornar-se crónico com o passar do tempo. Em contrapartida, se a pessoa alterar a sua dieta alimentar apostando em alimentos não processados e nutricionalmente saudáveis, a inflamação deixa de existir e tudo parece voltar ao normal.

Mas, na realidade, a história não se fica por aí. A má dieta alimentar deixa marcas. Marcas que podem marcar o organismo até ao fim dos seus dias…

Como é que a má dieta alimentar transforma insidiosamente o organismo?

Ao interpretar a má dieta alimentar como sendo um agente agressor, o que o sistema imunitário faz é nem mais nem menos que provocar uma reacção inflamatória. Altera profundamente as reacções imunitárias futuras! E isso é uma verdadeira descoberta.

Na verdade, torna-se necessário que o inflamassoma vá activar e alterar um determinado número de genes que – até então – não eram utilizados pelo organismo. Genes que actuam na proliferação e na maturação das células da imunidade inata. Como é que isso acontece? É provável que alguns dos mensageiros químicos induzidos pelo inflamassoma (nomeadamente os níveis de IL-1 β) mudem de forma a que as informações genéticas sejam conservadas, tornando-as mais legíveis, mais acessíveis à tradução. Um pouco como se peças escondidas do ADN fossem de repente reveladas à luz do dia e deixassem de poder ser ignoradas. É um flagrante delito de alteração epigenética: o ambiente pode actuar na expressão dos genes. Mas quais são as consequências a longo prazo destas alterações?

Primeiro, contrariamente à inflamação, estes genes que foram activados durante o período “fast food” parecem manter-se activos durante muito tempo, mesmo que mude radicalmente de higiene de vida. Depois, parece ser claro que estes genes induzem uma sensibilidade mais forte aos desencadeadores da inflamação. Preparam de alguma forma o organismo para fornecer uma resposta imunitária mais forte, através do aumento da produção das células da imunidade inata e da manutenção de um estado hiper reactivo.

Quando os desencadeadores da imunidade inata são verdadeiramente nocivos, esta hiper vigilância não é forçosamente mal vinda, mas pode levar à catástrofe se o organismo se tornar demasiado sensível aos desencadeadores que não são realmente perigosos. Pois é essa mesma sensibilidade exacerbada que desempenhará um papel importante no desenvolvimento de doenças auto-imunes. É a acumulação das células imunitárias inatas (macrófagos à cabeça) associadas a lípidos sanguíneos que são provavelmente a causa dos depósitos de placas que se verificam na aterosclerose. São os estados de inflamação crónica que se suspeita desempenharem um papel na evolução de todas as doenças inflamatórias.

Por outras palavras, a alimentação actual incita o organismo a recrutar um exército mais potente e sobretudo mais sensível. Mas esta super activação não tem vantagens! Pelo contrário, propicia a instalação de uma inflamação crónica e perniciosa, muito característica da nossa época. Com a redução constante do nível de actividade física, é com certeza o factor que explica, numa altura em que os nossos conhecimentos científicos nunca foram tão avançados, uma das aberrações da nossa época: os indivíduos nascidos actualmente irão talvez viver menos anos do que os pais.

Há mais de 120 anos, Thomas Edison previa que “o médico do futuro não tratará o corpo humano com medicamentos, em vez disso curará e evitará a doença através da nutrição.” O frutos da investigação dão-lhe diariamente razão, mas parece que estamos ainda longe de um tal futuro. Enquanto aguardamos, cabe-lhe apenas a si combater a inflamação silenciosa tendo este pensamento em mente e os dois conselhos seguintes no bolso:

    - Adoptar uma alimentação equilibrada, rica em fibras, em antioxidante e em proteínas vegetais, evitando os alimentos ultra transformados e os produtos com demasiada gordura ou demasiado açúcar. - Combater a inflamação apostando em produtos adaptados como InflaRelief Formula ou reforçando a sua flora intestinal com probióticos anti-inflamatórios como Bifidobacterium longum .

Referências
1. Anette Christ, Patrick Günther, Mario A.R. Lauterbach, Peter Duewell, Debjani Biswas, Karin Pelka, Claus J. Scholz, Marije Oosting, Kristian Haendler, Kevin Baßler, Kathrin Klee, Jonas Schulte-Schrepping, Thomas Ulas, Simone J.C.F.M. Moorlag, Vinod Kumar, Min Hi Park, Leo A.B. Joosten, Laszlo A. Groh, Niels P. Riksen, Terje Espevik, Andreas Schlitzer, Yang Li, Michael L. Fitzgerald, Mihai G. Netea, Joachim L. Schultze, Eicke Latz. Western Diet Triggers NLRP3-Dependent Innate Immune Reprogramming. Cell, 2018; 172 (1-2): 162 DOI: >10.1016/j.cell.2017.12.013
2. GBD 2015 Mortality and Causes of Death Collaborators (2016). Global, regional, and national life expectancy, all-cause mortality, and cause-specific mortality for 249 causes of death, 1980-2015: a systematic analysis for the Global Burden of Disease Study 2015. Lancet 388, 1459–1544.
3. Ridker, P.M., Everett, B.M., Thuren, T., MacFadyen, J.G., Chang, W.H., Ballantyne, C., Fonseca, F., Nicolau, J., Koenig, W., Anker, S.D., et al.; CANTOS Trial Group (2017). Antiinflammatory therapy with canakinumab for atherosclerotic disease. N. Engl. J. Med. 377, 1119–1131.
4. Labzin, L.I., Lauterbach, M.A.R., and Latz, E. (2016). Interferons and inflammasomes: cooperation and counterregulation in disease. J. Allergy Clin. Immunol. 138, 37–46.

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