De entre os complementos reconhecidos por limitar a hipertrofia benigna da próstata (HBP) distinguem-se incontestavelmente extractos de plantas e nutrientes que foram alvo de múltiplos estudos. Concentrem-se nestes incontornáveis e nas outras substâncias promissoras.
Há muitos anos que os extractos de Serenoa repens são utilizados com muito sucesso na Europa e outros continentes para aliviar de forma duradoura os sintomas da hipertrofia benigna da próstata (adenoma da próstata) e desobstruir as vias urinárias. O Saw palmetto, também conhecido como palmeira anã, é rico em fitoesteróis e em ácidos gordos específicos capazes de bloquear as hormonas que têm influência no tamanho da próstata. A toma de tais extractos, normalizados em ácidos gordos livres, actuam a vários níveis:
- Inibem a 5-alfa-reductase e limitam a ligação da diidrotestosterona (DHT) – a forma activa da testosterona que estimula o crescimento das células prostáticas – aos receptores androgénicos,
- Diminuem a proliferação das células prostáticas e induziriam mesmo a apoptose das células cancerosas,
- Reduzem a inflamação e a vontade premente de urinar,
- Aumentam o fluxo urinário e propiciam o esvaziamento completo da bexiga.
Os extractos de saw palmetto seriam por conseguinte tão eficazes como a finasterida ou a tansulosina, dois medicamentos usualmente receitados para tratar a HBP.
Estes extractos são muitas vezes associados nos ensaios clínicos a um
extracto de raiz de urtiga (
Urtica dioica) pelas suas acções sinérgicas e sem efeitos secundários
1. Este último inibe também a ligação da DHT nas células prostáticas e, segundo estudos realizados, propicia um alívio significativo dos sintomas. É aliás recomendado pela comissão E alemã para aliviar de forma natural os problemas urinários associados à HBP.
De entre as plantas, podemos também citar o
Pygeum africanum, uma ameixoeira africana utilizada na Europa desde meados dos anos sessenta. Os fitoesteróis que ele contém melhoram a contractibilidade da bexiga, possuem um efeito anti-inflamatório inibindo a produção de prostaglandinas, impedem o crescimento das células prostáticas, diminuem o número de levantamentos nocturnos e aumentam o fluxo urinário de forma a propiciar um esvaziamento completo da bexiga.
O Pygeum africanum, tal como o saw palmetto e a soja, contêm
beta-sitosterol cuja acção foi comprovada em diversos estudos. Esses estudos demonstram claramente que este fitoesterol consegue aumentar o fluxo urinário e diminuir a urina residual na bexiga. Além disso, os seus benefícios perduram vários meses após a interrupção da toma do suplemento.
Estes extractos de plantas são frequentemente utilizados isolados ou associados a:
- Um extracto hidrófilo e lipófilo de pólen que inibe a formação de DHT, diminui ligeiramente os sintomas urinários associados à HBP, nomeadamente a nicturia, ou seja, a necessidade de se levantar de noite para urinar.
- O zinco, que é O mineral específico da próstata. Com efeito, as células epiteliais da próstata acumulam-no e as investigações mostram que ele inibe o crescimento celular bem como a actividade da DHT e impede a actividade da 5-alfa-reductase. As células prostáticas hipertrofiadas quase não possuem qualquer zinco, limitando assim a função de auto-regulação deste mineral no crescimento.
- O boro, que propicia igualmente um desenvolvimento saudável das células prostáticas.
De entre as novas moléculas promissoras, o DIM ou di-indolilmetano é uma substância extraída das crucíferas (brócolos, couve …). Equilibra e apoia o funcionamento ideal dos sistemas endócrinos. Baixa o nível de PSA (antigene prostático específico), cuja subida é originada pela DHT, e trava a conversão da testosterona em estrogénios.
Além disso, o DIM foi identificado como um indol natural. Apoia as defesas naturais e protege o organismo das substâncias químicas ambientais cancerígenas.
Para compreender melhor a HBP
A próstata pode triplicar de volume por acção de duas enzimas chave:
- A 5-alfa-reductase, que converte a testosterona em diidrotestosterona (DHT) – a forma mais activa,
- A aromatase, que converte a testosterona em estrogénios. O excesso de estrogénios não só exacerba a HBP como também aumenta o risco de uma evolução para cancro da próstata.
A DHT e os estrogénios são responsáveis pela proliferação das células prostáticas por activação de determinados factores de crescimento (IGF-1 – Insulin growth factor).
Assim, todas as substâncias que actuem nestas duas enzimas ou limitem a ligação da DHT ou dos estrogénios aos receptores da próstata, limitam a HBP.
Um dos factores de risco da HBP é, evidentemente, a idade pois traz consigo alterações na produção hormonal, mas também a sedentariedade e determinados medicamentos.
E quercetina contra as prostatites
A quercetina possui propriedades anti-inflamatórias a partir de um grama por dia, repartido ao longo do dia. Com efeito, este forte poder anti-inflamatório exerce-se principalmente pela inibição da NF-kB, uma proteína que desempenha um papel fundamental no controlo da expressão dos genes que codificam as citocinas pró-inflamatórias.
Os seus efeitos mais evidentes dizem respeito à inflamação crónica da próstata sup>2 como ficou demonstrado num estudo realizado em dupla ocultação envolvendo 15 homens com prostatite crónica de origem não bacteriana. Entre os homens que tomaram 500 mg de quercetina duas vezes por dia durante seis meses, dois terços notaram uma redução de pelo menos 25% dos seus males, ao passo que nos homens do grupo de controlo, apenas 20% relataram esse alívio.
Para prevenir ou combater o desenvolvimento das células cancerosas a este nível, outros extractos devem ser incluídos no arsenal.
De entre as substâncias reconhecidas,
o licopeno – um potente carotenóide antioxidante muito abundante no tomate – possui um efeito protector contra este tipo de cancro. Os estudos mostram, com efeito, que o licopeno consegue inibir o crescimento das células prostáticas cancerosas.
Também
a vitamina D3, pouco presente na alimentação comparativamente ao licopeno, excepto nos peixes gordos. Essencialmente sintetizada pelo organismo nos dias ensolarados por efeito dos raios UVB a partir de um derivado do colesterol, a maioria dos europeus têm carências acentuadas desta vitamina, expondo o organismo a riscos de cancros, incluindo da próstata. É, por conseguinte, necessário – entre Outubro e Março – recorrer a um suplemento diário de vitamina D3.
No que concerne aos polifenóis, destacam-se dois compostos para combater o crescimento das células prostáticas cancerosas.
O pterostilbeno e o resveratrol . Trabalhos conduzidos em Chicago demonstraram que o pterostilbeno se comporta como um inibidor da enzima P450, que activa as substâncias “pró carcinogénicos”. Outros estudos estabeleceram que ele impede o crescimento de determinados tipos de cancro, incluindo o da próstata, alterando o ciclo celular deste e induzindo a apoptose, travando dessa forma a proliferação de outras células cancerosas ou de metástases. Quanto ao resveratrol, os estudos realizados com animais e homens tendem a demonstrar que esta substância poderia constituir uma alternativa mais eficaz e menos tóxica do que a quimioterapia.
O
extracto de romã, e mais particularmente a punicalagina e o ácido elágico, são igualmente reconhecidos pelos seus efeitos protectores. Na realidade, evitam o desencadear de mutações e exercem in vitro uma actividade anti-proliferante. Além disso, o ácido elágico consegue inibir duas proteínas essenciais (VEGF e PDGF) necessárias à formação da rede sanguínea dos tumores; elas interferem muito frequentemente no processo de angiogénese, uma característica chave da gravidade da evolução tumoral.
Os investigadores demonstraram que um extracto de romã inibia o crescimento celular, induzia a apoptose numa linhagem celular altamente agressiva de cancro da próstata e reduzia a secreção de PSA.
Outros ingredientes cientificamente estudados revelam-se também interessantes:
- A crisina é um composto flavónico extraído da Passiflora caerulea, que inibe a conversão da testosterona em estrogénios.
- A naringina, extraída da toranja, é um inibidor estrogénico reconhecido (citocromo P-450).
- A genisteína extraída da Sophora japonica (mais activa que a extraída da soja), que inibe fortemente a aromatização.
- O Epilobium parviflorum (epilóbio de pequenas flores), que – pela sua riqueza em terpenos, fitoesteróis, flavonóides, taninos e mais especificamente em enoteína B – inibe as duas enzimas chave: aromatase e 5-alfa-reductase.
- O selénio , que segundo alguns estudos, diminuiria o risco de cancro da próstata e abrandaria a sua evolução.
O creme com progesterona, não apenas para a sua mulher!
Um homem saudável sintetiza diariamente, de forma natural, 1,5 mg de progesterona através das glândulas supra-renais. No entanto, com o passar dos anos, a produção desta hormona e os respectivos níveis baixam. Ora, a progesterona desempenha papéis fundamentais: inibe a actividade da aromatase e mantém os níveis de DHT no sangue e na próstata baixos, entrando em competição com a 5-alfa-reductase.
Referências:
1- Sokeland J. et al., Combination of Sabal and urtica extract versus finasteride in benign prostatic hyperplasia (stages I and II). Comparison of therapeutic effectivness in one year double-blind study, Urology A, 1997, 36(4): 327-33.
2- Shoskes, D. A., Zeitlin, S. I., Shahed, A. and Rajfer, J. (1999) Quercetin in men with category III chronic prostatitis: a preliminary prospective, double-blind, placebo-controlled trial, Urology, 54, 960-3.