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08-02-2017

A idebenona, um análogo da CoQ10 protector das mitocôndrias

mitochondrias A idebenona é um análogo da coenzima Q10 – um antioxidante vital para as células membranares e um constituinte essencial da cadeia de transporte mitocondrial dos electrões que produz o ATP.
A idebenona é um potente antioxidante que intervém com pressão baixa de oxigénio. Em virtude da sua capacidade de inibir a peroxidação lipídica, protege as membranas celulares e as mitocôndrias das lesões oxidativas. As suas propriedades antioxidantes, no sistema nervoso central, protegem da isquémia cerebral e das lesões nervosas.

A idebenona interage igualmente com a cadeia de transporte dos electrões e preserva a formação de ATP em situações de isquémia. Ficou também demonstrado que a idebenona estimula o factor de crescimento das células nervosas – uma característica que poderia ser muito importante no tratamento da doença de Alzheimer e de outras doenças neurodegenerativas.

Atrasa o envelhecimento

As mitocôndrias são células-chave que preservam a vida produzindo mais de 90% da bioenergia ATP. Como utilizam grandes quantidades de oxigénio estão particularmente expostas aos radicais livres, ficando, com o tempo, cada vez mais danificadas e, consequentemente, ineficazes. As mitocôndrias mais expostas ao risco de envelhecimento por lesões radicalares são as do coração, do cérebro e dos músculos esqueléticos. As mitocôndrias são igualmente os sítios mais ricos em CoQ10 e em idebenona.
Contrariamente à CoQ10, a idebenona – mesmo com pressões de oxigénio fracas como as que podem verificar-se periodicamente ao longo de uma vida – é um potente neutralizador dos radicais livres mitocondriais, reduzindo as lesões mais importantes do ADN mitocondrial que surgem com a idade. A idebenona actua mesmo de forma mais eficaz do que a CoQ10 na cadeia de transporte dos electrões para manter a produção de energia a um nível elevado, mesmo em condições de hipoxia. Isto é especialmente importante para as células do coração e do cérebro, que podem ser rapidamente danificadas em caso de fraca produção de ATP provocada por uma fraca oxigenação dos tecidos.

Idebenona e estimulação cognitiva

Um grande número de estudos realizados com células do cérebro de animais ou de humanos demonstrou a capacidade que a idebenona tem de estimular a estrutura e o funcionamento do cérebro. Estudos realizados com animais e com seres humanos indicaram que esta substância pode estimular a produção de serotonina mesmo em condições longe das ideais – como no caso de uma alimentação muito pobre em triptofano ou em pacientes com demência cerebro-vascular. A idebenona reforça a função nervosa colinérgica e a capacidade de aprendizagem que dela depende mesmo em condições de hipoxia (insuficiência de oxigénio) ou em caso de administração de um medicamento anticolinérgico.

Aumenta a produção das catecolaminas celulares (dopamina, adrenalina e noradrenalina) estimulando o consumo celular de um precursor – o aminoácido tirosina. A idebenona restabelece a utilização da glicose (o carburante do cérebro) e a produção de ATP no cérebro isquémico de ratos.
Realizou-se um estudo com 75 homens e mulheres hospitalizados afectados por problemas cognitivos ligeiros a moderados. Uma parte dos sujeitos recebeu diariamente 90 mg ou 180 mg de idebenona. Os resultados mostraram uma melhoria dos desempenhos cognitivos e do comportamento geral dos pacientes que tomaram o suplemento 1.

Idebenona e doença de Alzheimer

O factor de crescimento das células nervosas desempenha um papel importante no crescimento, na sobrevida e na protecção dos neurónios colinérgicos do sistema nervoso central. Na doença de Alzheimer, os neurónios colinérgicos podem ser danificados e morrer. Nos ratos, a administração de idebenona por via oral induz um aumento do factor de crescimento das células nervosas e melhora a actividade da acetiltranferase-colina2. Num estudo realizado com cérebros de ratos idosos, a idebenona estimulou a síntese do factor de crescimento das células nervosas e restabeleceu o seu conteúdo reduzido. Após 21 dias consecutivos a tomar o suplemento, a quantidade de factor de crescimento das células nervosas no cérebro dos ratos idosos subira para um nível semelhante ao de animais jovens3.
O péptido beta-amilóide – o principal constituinte das placas senis que encontramos na doença de Alzheimer – é neurotóxico, provavelmente através dos mecanismos de stress oxidativo. Quando se injecta péptido beta-amilóide a ratos por via intracerebroventricular, estes evidenciam distúrbios significativos da memória e do comportamento. Tais distúrbios não se manifestam quando – antes e após a injecção – se administra aos animais idebenona e alfa-tocoferol4.
Num estudo multicêntrico realizado em dupla ocultação e controlado por placebo, 450 pacientes receberam durante 12 meses um placebo seguido de 90 mg de idebenona durante outros 12 meses três vezes por dia, ou 90 mg três vezes por dia durante 24 meses ou 120 mg três vezes por dia durante 24 meses. Observaram-se melhoras significativas dependentes da dose nas medições do estado clínico e nos testes neuropsiquiátricos, comparativamente ao placebo. Estas melhorias mantiveram-se durante os dois anos de duração do estudo5.
Um estudo alemão testou duas doses de idebenona (30 mg e 90 mg três vezes por dia) em pacientes com doença de Alzheimer numa fase ligeira a moderada. No total, chegaram o fim deste ensaio clínico de seis meses 247 pacientes. Os pacientes foram avaliados utilizando a escala internacional de avaliação da doença de Alzheimer. Em média, os pacientes que tomaram as doses mais elevadas de idebenona registaram uma melhoria de 2,3 pontos na escala, que tem 120 pontos. Quanto mais grave era a fase da doença no início do estudo, mais o estado dos pacientes melhorou. Os sujeitos que iniciaram o estudo com uma classificação de pelo menos 20 pontos ganharam em média 4,1 pontos, comparativamente aos que tomaram o placebo. Os benefícios mais significativos verificaram-se ao nível do trabalho cognitivo. Atingiram 6,9 pontos na escala cognitiva de 50 pontos em pacientes com a doença no estado mais grave e que tomaram as doses mais fortes6.

Uma protecção contra a neurotoxicidade dos aminoácidos excitadores

O ácido glutâmico e o ácido aspártico são os dois principais aminoácidos excitadores dos neurotransmissores do cérebro humano. Sem eles, estaríamos mentalmente no estado vegetativo.

Em determinadas condições, como no caso de uma lesão cerebral traumática ou de um acidente vascular cerebral, acumulam-se quantidades excessivas de aminoácidos excitadores no líquido que circunda as células cerebrais, provocando lesões, ou mesmo a destruição de células nervosas ou gliais por mecanismos radicalares.
As duas principais fontes alimentares de aminoácidos excitadores são o glutamato monossódico, um estimulante do gosto, e o aspartame. Por outro lado, inúmeros alimentos transformados contêm proteínas vegetais hidrolizadas, extractos de leveduras, isolados de proteínas de soja e ingredientes semelhantes que são essencialmente aminoácidos excitadores.

Em estudos realizados com diferentes tipos de células nervosas bem como com células oligodendrogliais, a idebenona evidenciou um potente efeito protector contra a toxicidade do glutamato.

A ataxia de Friedrich

Trata-se de uma doença autossómica recessiva caracterizada por uma degenerescência cerebelosa. Deve-se a um défice de frataxina (uma proteína envolvida na regulação do conteúdo em ferro mitocondrial), responsável por lesões oxidativas devido a uma sobrecarga mitocondrial em ferro. Tal conduz a uma deficiência nas enzimas mitocondriais, a uma redução da produção de energia e a lesões mitocondriais.
Em 1999, uma equipa de investigadores do INSERM publicou no The Lancet resultados incentivando a utilização de idebenona no tratamento desta doença. Três doentes jovens com uma miocardiopatia hipertrófica beneficiaram deste tratamento que lhes foi administrado por um período de quatro a nove meses. Tal traduziu-se por uma diminuição significativa dos danos cardíacos dos três pacientes7. Uma outra equipa realizou um estudo semelhante com a duração de um ano, em dupla ocultação e controlado por placebo, em 29 pacientes com ataxia de Friedrich. No final do estudo, verificaram uma melhoria dos danos cardíacos. As alterações cardíacas foram modestas, mas estes resultados sugerem um estudo mais vasto que avalie se a idebenona pode reduzir a hipertrofia ventricular em pacientes com esta doença8.

Comparação entre a CoQ10 e a idebenona

¤ A idebenona é um antioxidante muito mais potente do que a CoQ10. Com efeito, estudos realizados indicam que ela neutraliza os radicais livres 30 a 100 vezes mais eficazmente do que a vitamina E ou a vinpocetina.

¤ Em condições de hipoxia, a idebenona confere protecção ao passo que, numa situação desse tipo, a CoQ10 pode mesmo ter um papel inverso.

¤ Contrariamente à CoQ10, a idebenona aumenta o factor de crescimento das células nervosas e estimula a actividade colinérgica, reforçando assim as capacidades cognitivas .
¤ Graças à sua potente actividade antioxidante, a idebenona protege as mitocôndrias limpando a actividade radicalar bem como o ADN mitocondrial.
1. De Nicola P., Fundamental and clinical assessments of drugs in cerebral circulation and metabolism in vascular dementia, Program and extended abstracts, XIVth World Congress of gerontology, June20, 1989, Acapulco.
2. Nabeshima T. et al., Oral administration of NGF synthesis stimulators recovers reduced brain NGF content in aged rats and cognitive dysfunction in basal-forebrain-lesioned rats, Gerontology, 1994; 40: S46-S56.
3. Nitta A. et al., Oral administration of idebenone, a stimulator of NGF synthesis, recovers reduced NGF content in aged rat brain, Neurosci. Lett., 1993; 163: 219-222.
4. Yamada K. et al., Protective effects of idebedone and alpha-tocopherol on beta-amyloid-(1-42)-induces learning and memory deficits in rats: implication of oxidative stress in beta-amyloid-induced neurotoxicity in vivo, Eur. J. Neurosci., 1999; 11: 83-90.
5. Gutzman H. et al., Sustained efficacy and safety of idebedone in the treatment of Alzheimer's disease: update on a 2-year double-blind multicentre study, J. Neural. Transm., 1998; 54: S301-S310.
6. Weyer G. et al., A controlled study of two doses of idebenone in the treatment of Alzheimer disease, Neuropsychobiology, 1997; 36: 73-82.
7. Rustin P. et al., Effect of idebenone on cardiopathy in Friedreich' ataxia : a preliminary study, Lancet, 1999; 354: 477-479.
8. Mariotti C. et al., Idebenone treatment in friedrich patients : one-year-long randomized placebo-controlled trial, Neurology, 2003; 60: 1676-1679.
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